Prezados empregados,
Para compreender a proposta apresentada às entidades representativas, além dos argumentos expostos na mensagem anterior, é preciso, primeiramente, conhecer a situação econômica dos Correios no contexto atual.
É consenso que a pandemia da COVID-19 está prejudicando a atividade econômica mundo afora e, em maior ou menor intensidade, todos têm sentido os efeitos dessa crise. Em países de dimensões continentais como o Brasil, a situação tende a ocorrer em ciclos, pois afeta diferentes regiões em momentos distintos. Com isso, os Correios precisam agir para mitigar os efeitos da pandemia de acordo com o cenário de cada localidade. Consequentemente, há prolongamento da necessidade de se arcar com gastos emergenciais, indispensáveis para garantir a segurança e a saúde de empregados, clientes e fornecedores.
Essas despesas, obviamente, somam-se a outras já previstas no orçamento dos Correios, que, por sua vez, sofreram considerável aumento em razão da pandemia. Para se ter ideia do impacto sobre as finanças dos Correios, convém analisar os gastos com a realização de jornadas aos fins de semana, mão de obra temporária e indenizações postais nos primeiros seis meses de 2020.
Em janeiro, a necessidade de dar vazão à volumosa carga referente que o período de festas de fim de ano provoca, tradicionalmente, o aumento das despesas acima citadas. Assim, os valores elevados neste mês sofrem um decréscimo no período subsequente. No entanto, o que se verifica no gráfico abaixo é um incremento dessas despesas a partir de março, quando foi declarada a pandemia, contrariando a tendência habitual.
Quanto às indenizações postais, último item da tabela apresentada, cabe um destaque: trata-se de recurso desperdiçado pela empresa, pois é referente ao não cumprimento de obrigações já contratadas. Se investido corretamente, esse montante pode impulsionar a modernização da empresa, entre outros benefícios, tornando-a melhor para os clientes e, consequentemente, para os empregados.
É necessário ressaltar, ainda, que não há previsão para a redução dessas despesas, pois a pandemia permanece afetando o país como um todo, sem sinalizar redução dos indicadores nos Estados, seguindo das capitais para o interior.
Abordando outro aspecto das finanças da empresa, sobressaem-se as consequências do fechamento de agências e centros operacionais em razão de determinações externas, o que prejudica a logística como um todo. Nessas ocorrências, ações extremamente indesejáveis têm levado à interdição de inúmeras unidades, circunstância que provoca o agravamento da situação econômica dos Correios ao impactar sua tradicional eficiência junto à sociedade. Este quadro, no momento, é agravado pelo caráter essencial da empresa nas ações de enfrentamento à pandemia.
Segundo a previsão da área financeira, o custo do fechamento temporário dessas unidades será, considerando apenas o período de abril a junho, de R$ 171,5 milhões. Somado a isso, os Correios deixarão de faturar cerca de R$ 75 milhões devido à inatividade das unidades mencionadas.
Na linha do que já foi destacado, ressaltam-se os seguintes reflexos do fechamento de unidades: impacto negativo na qualidade dos serviços; redução dos índices operacionais; perda de competitividade; e migração de clientes para a concorrência. Esta última, por sua vez, mostra-se a mais impactante para a empresa, e se intensifica a cada vez que o número de reclamações aumenta.
Voltando à temática das negociações do ACT 2020/2021, fica explícita a necessidade de se chegar a um consenso que, ao final, restem preservadas tanto as finanças da empresa como os empregos de seus funcionários. Semelhante ao ocorrido com outras categorias, o acordo trabalhista dos Correios deve entender e busca abarcar os efeitos da crise econômica decorrente da pandemia. Ressalta-se que, neste ínterim, o Congresso Nacional suspendeu a concessão de qualquer tipo de aumento a servidores, o que se traduz em nulidade de reajuste quando da discussão salarial para agentes públicos.
Evidentemente, 2020 é um ano atípico. Embora tenha se iniciado de maneira promissora, revelou-se o mais desafiador das últimas décadas. Para os Correios, o progresso alcançado até aqui está sob ameaça, pois depende de decisões estratégicas e firmes para ser consolidado. Portanto, é imprescindível a compreensão de todos os empregados no sentido de, impreterivelmente, reconhecer a necessidade de comprometimento integral com a saúde financeira da empresa em longo prazo.
Confira amanhã a Proposta dos Correios para o ACT 2020/2021.