Marta Ribeiro
Ellen Taborda
Neste 25 de janeiro, os Correios celebram os 357 anos da institucionalização dos serviços postais regulares no país e a criação do cargo de Correio-Mor das Cartas do Mar. O marco escolhido também homenageia os profissionais que, até hoje, percorrem avenidas, ruas e vielas para entregar aos brasileiros cerca de 20 milhões de objetos, todos os dias.

A entrega domiciliar de correspondências teve início em 1835, mas só no Decreto 255, de 29 de novembro de 1842, que a palavra carteiro foi usada oficialmente pela primeira vez. O documento também previa a perda da comodidade de receber as correspondências em casa, para aqueles que maltratassem o profissional.
É fácil constatar que, ao longo do tempo, os carteiros ganharam não apenas o respeito, mas a confiança e o carinho do povo. Não é à toa. Carregando incontáveis histórias em suas bolsas, durantes suas andanças eles acompanharam o desenvolvimento das cidades, o crescimento dos bairros, famílias se transformarem, negócios surgirem… A vida se desenrolar, em meio a tantos passos da jornada.
Atualmente, mais de 55 mil carteiros percorrem, por dia, cerca de 435 mil quilômetros, seja a pé, de carro, moto ou bicicleta. Para se ter uma ideia, isso corresponde a percorrer 98 vezes os pontos extremos do Norte ao Sul do Brasil, do Monte Caburaí, em Roraima, ao Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, ou 100 vezes os extremos de Leste a Oeste , entre o Ponta do Seixas, na Paraíba, e a Serra Contamana, no Acre.
Uma rotina desafiadora, cumprida com orgulho e dedicação. Faça chuva ou sol escaldante, seja com latidos ou lambidas carinhosas dos cachorros, lá estão eles, vestidos de azul e amarelo, movidos pela missão de aproximar pessoas, negócios, governos, entregando sempre as melhores soluções.
Carteiro em verso e prosa

Querido e admirado em todo o mundo, o carteiro tem sido fonte de inspiração para muitos artistas. Ao longo dos anos, estes profissionais foram retratados na música, no cinema, na pintura e na literatura.
A chegada de uma correspondência muito aguardada também inspirou a dupla sertaneja Tião Carreiro e Pardinho a escrever a canção “Carteiro”, em 1961: “eu estava no portão quando o carteiro passou. Tirou da correspondência uma carta e me entregou”.

“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão.” A música “Mensagem”, composta nos anos 1940 e sucesso na voz de Isaurinha Garcia, é apenas uma das que trazem o profissional em seus versos.
Uma das mais conhecidas composições que retratam o profissional é “Please Mr. Postman” (Por favor senhor carteiro), imortalizada em gravações dos Beatles (1963) e dos Carpenters (1974). Nos versos, um pedido: “por favor, senhor carteiro. Olhe e veja se há uma carta em sua bolsa para mim”.

O filme italiano “Il Postino” (O carteiro e o poeta), de 1994 retrata a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e um carteiro. Mario, que quer aprender a fazer poesia, fica encarregado de levar a correspondência a Neruda, em exílio na Itália.


O cinema também conta, na película “L’Incroyable histoire du facteur Cheval” (A incrível história do carteiro Cheval), de 2018, como Joseph Ferdinand Cheval constrói um palácio em homenagem à filha Alice. Na história verídica, que se passa no final do século 19, o carteiro francês começa a recolher pedras durante sua caminhada no trabalho e passa as noites construindo o edifício, que fica pronto em 33 anos. O lugar tornou-se famoso ao despertar a atenção de escritores como André Breton e Anaïs Nin e de pintores como Pablo Picasso. O “Palais Idéal” é hoje patrimônio cultural da França.

Nas telinhas, o carteiro Jaiminho, do seriado Chaves, também ganhou a simpatia do público no mundo inteiro e foi até homenageado com uma estátua na cidade mexicana de Tangamandapio.
A figura carismática do profissional também foi a personagem principal de uma série de animação da televisão britânica, “Postman Pat” (Carteiro Paulo), de 1981 a 2004. Voltado ao público infantil, o programa mostra as aventuras do carteiro Pat Clifton que entrega correspondências junto com o gato Jess no vilarejo fictício de Greendale. A história também chegou às telonas, transformada em filme em 2014.

357 anos aproximando o Brasil”