O dia que instalamos uma caixa de coleta de correspondências em uma escola pública de São Paulo
Gercilio de Assis
Em busca de resgatar uma forma de escrita afetuosa, única e antiga na sociedade, um grupo de professoras da Escola Municipal Cidade de Osaka, na zona leste de São Paulo (SP), criou um projeto de troca de cartas. Além de exercitarem a escrita e a leitura, os alunos do 5º ano, com idades entre dez e onze anos, discorrem sobre assuntos da atualidade, sugerem pautas para revistas e jornais, expressam sentimentos e se aproximam de amigos e familiares.
“Todos os alunos da classe participam, mesmo os que ainda não dominam por completo a leitura e escrita. Fazemos revisões coletivas dos textos, apontando os erros e, juntos, vamos fazendo os acertos. Isso tem colaborado bastante para o avanço deles na escrita”, explica a professora Ivani Cordeiro, uma das idealizadoras da ação.
Por meio dos Correios, trabalhadoras rurais enviam cartas à ministra das Mulheres
Queremos dar voz e ajudar a promover a garantia dos direitos das mulheres em todo o Brasil. Durante a abertura oficial da 7ª Marcha da Margaridas, em Brasília (DF), na segunda-feira (15), trabalhadoras rurais tiveram a oportunidade de escrever e enviar, gratuitamente, cartas endereçadas à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, graças à parceria firmada com a pasta.
Um momento repleto de significado e simbolismo, em que reafirmamos a vocação social dos Correios, há 360 anos. A iniciativa acontece no âmbito do Agosto Lilás, que lançou a campanha “Brasil sem Violência contra a Mulher, Brasil com Respeito” e pretende mobilizar a sociedade para o enfrentamento da misoginia e a construção de um país mais seguro, justo e com igualdade para todas as mulheres.
Com o objetivo de melhorar a alfabetização de jovens de até 15 anos em todo o mundo, o Concurso Internacional de Redação de Cartas é promovido anualmente pela União Postal Universal (UPU), sediada em Berna, na Suíça e realizado no Brasil pelos Correios. Neste ano, em que a iniciativa celebra a sua 50a Edição, o tema escolhido para a redação foi: “Escreva uma carta a um familiar, contando sobre sua experiência da Covid-19”.
Por meio do mote sugerido, os textos revelam os principais impactos da pandemia na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As percepções vão desde a dificuldade com o isolamento e o estudo remoto, até o tédio, intensificado pelo quebra da rotina.
“Fiz o máximo que pude para proteger a mim e aos meus pais. Mas tenho que confessar uma coisa: estou cansada de ficar em casa! Cansei da monotonia, das aulas on-line, de apenas estudar. Preenchi meus dias com música, leitura e aprendi novos idiomas para desbravar o mundo assim que puder”, relatou a estudante Ana Clara Lopes Motas (13), do Rio de Janeiro (RJ), em um trecho da sua carta.
Mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, o momento também está sendo de aprendizado para muitos jovens: “Em meio a tantos problemas, percebi algumas coisas boas, como ficar mais perto dos meus pais. Agora ajudo nas atividades domésticas muito mais do que antes. Eu aprendi a cozinhar muitas coisas novas, e não estou fazendo isso por obrigação” revelou Fernando Silocchi- 15 anos, Farroupilha/RS.
A convivência maior com os pais também foi comemorada pela estudante Geovana de Jesus Silva (14), de Campo Novo do Parecis (MT). “Uma das coisas boas que aconteceu, foi que meus pais estão passando mais tempo em casa com a gente, fazemos várias brincadeiras em família para passar o tempo e isso nos uniu muito, confesso que sentia falta desse convívio com eles. (…) Sou feliz por isso, e sei que muitas famílias não aguentaram a pressão do convívio uns com os outros, causando desentendimentos e até separações”.
Para Silas Manoel Freitas da Silva, (15), de Carpina (PE), a “pandemia ajudou a perceber que a vida é bela em sua simplicidade, que ela [a vida] é a mais importante de nossas prioridades”, escreveu o adolescente.
Sobre o concurso – Os Correios participam do Concurso Internacional de Redação de Cartas desde 1972. Nesse período, nosso País fez bonito: é o segundo melhor colocado em âmbito internacional dentre 191 países. O Brasil já conquistou três medalhas de ouro (1972 /1988 / 2006), duas medalhas de prata (1978 / 1980), duas medalhas de bronze (1992 / 2015) e recebeu menções honrosas na etapa internacional em 2009, 2012, 2016, 2017 e 2018, superado apenas pela China, que tem cinco medalhas de ouro.