Papai Noel dos Correios cruza o Brasil na entrega de presentes
Entregando sonhos! Nesta semana, tivemos o momento mais aguardado da campanha Papai Noel dos Correios. Milhares de crianças em todo o Brasil viram seus pedidos saírem do papel – graças ao engajamento da sociedade brasileira que há 34 anos abraça a nossa campanha.
Neste ano, o Papai Noel dos Correios tem sido especial por vários motivos. Com recorde de adoção de cartinhas, em 2023 a campanha garantirá o sorriso no rosto de quase 300 mil crianças. Além da sociedade civil, dezenas de empresas e órgãos públicos se tornaram padrinhos corporativos da campanha.
Em uma ação inédita, a iniciativa ganhou ainda um apoiador ilustre: o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Em vídeo publicado nas redes sociais, o chefe do executivo convidou os brasileiros a aderirem a uma das maiores mobilizações solidárias do país. “É uma campanha sagrada, que tenta fazer com que as crianças pobres possam ganhar uma lembrança. É uma atitude que pode ajudar a termos um Natal diferente”, afirmou o presidente.
Todo ano, no final de novembro, o telefone da coordenação de comunicação dos Correios em Sergipe tocava e era ela: pedia que a equipe da campanha Papai Noel dos Correios separasse algumas dezenas de cartinhas com pedidos de material escolar – cerca de 100, metade de meninos e metade de meninas. Parceira da ação há mais de 10 anos, Dona Carminha não falhava. De coração generoso, a professora aposentada assumiu a adoção das cartinhas como um compromisso, cumprido religiosamente. Ela não queria que nenhuma criança deixasse de estudar por falta de material.
Mas neste ano de 2020, Maria do Carmo Lima Machado Mendonça não ligou. A equipe do Papai Noel dos Correios estranhou a ausência, e tentou entrar em contato, sem sucesso. “Na reta final da campanha, soubemos, por sua filha, que ela estava isolada no sítio da família, com a saúde fragilizada e buscando se proteger dos riscos relacionados a essa pandemia”, conta a coordenadora de comunicação, Gabriela Melo. Mas no dia 8 de dezembro ela faleceu, aos 73 anos, vítima de infarto, deixando saudade entre aqueles que a conheciam.
Deixou, também, um grande exemplo de compaixão e fraternidade. Seus cinco filhos – que preferem não ter seus nomes revelados, por acreditarem que boas ações devem ser feitas sem alarde ou expectativas de reconhecimento – decidiram continuar adotando as cartinhas com pedidos de material escolar feitos ao Papai Noel dos Correios. Apesar de a campanha estar nos últimos dias, deu tempo de acertar tudo. Graças a mobilização da família, 94 crianças de escolas públicas da capital e no interior de Sergipe vão receber um kit com mochila, lápis de cor, caderno, estojo, lápis, caneta e borracha, entre outros itens.
De acordo com uma das filhas de Maria do Carmo, a família se reuniu logo após o falecimento e todos concordaram em abraçar o seu legado. “Juntos, queremos dar continuidade a esse gesto que ela fazia com tanto gosto”, disse a filha de Dona Carminha ao entrar em contato com a coordenação local do Papai Noel dos Correios. Tanto a notícia da partida de uma das parceiras mais antigas e fiéis da campanha, quanto a iniciativa da família, inspirada na generosidade de sua matriarca, emocionou a equipe dos Correios.
Uma das crianças contempladas foi Lana Raquel, de 10 anos, moradora do bairro Santa Maria, em Aracaju. Em sua carta ao Papai Noel dos Correios, ela conta que gosta muito de brincar e estudar. “A luta por alimento é diária, e assim meus pais não têm condições de me dar um presente de Natal”, escreveu a menina, fazendo questão de explicar que não caprichou mais em sua cartinha por não ter lápis de cor.
Legado de educação e amor
Baixinha, de olhos azuis, alegre e muito forte, Maria do Carmo estudou e ensinou com empenho ao longo de toda a sua vida. Foi professora de Geografia do ensino fundamental e também da Universidade Federal de Sergipe (UFS), além de diretora de escola. Daí vinha sua consciência acerca da importância da educação.
“Ela era símbolo de liberdade, autonomia, coragem e, principalmente, alegria e amor. Tudo que sabemos sobre o amor veio dela, um amor que cura, que afaga a alma, que cuida e protege sem cansar. Gostava de ajudar o próximo, de cuidar de plantas, orquídeas, de cozinhar, bordar, ler e de uma boa rede. Mas amava mesmo era de ver a família junta, unida e cheia de amor”, conta uma das filhas de Dona Carminha, cheia de orgulho e saudade da mãe.
A campanha Papai Noel dos Correios só existe há mais de 30 anos porque pessoas reais fazem a magia acontecer. Foi dos empregados da empresa a iniciativa de adotar as cartinhas das crianças que escreviam ao Bom Velhinho, inspirando a campanha que tempos depois viraria uma ação institucional. Também é assim, de forma totalmente voluntária, que uma vez por ano empregados dos Correios guardam seus uniformes e crachás para assumirem outra missão especial: transformarem-se no velhinho mais querido pelas crianças!
De norte a sul do País, cada um deles tem seu jeito próprio de dar vida ao Noel. São incontáveis os “Bons Velhinhos” dessa história… Mas hoje vamos apresentar alguns deles, a começar pelo atendente comercial dos Correios, Márcio Pinheiro, do Rio de Janeiro (RJ). Carismático e comunicativo, ele não hesitou em dizer sim ao convite para ser ajudante do Noel este ano. “Quando você alegra uma criança, você dissipa esse sentimento entre os familiares também; não tem dinheiro no mundo que pague isso”, enfatiza.
Sempre envolvido com ações socioculturais dentro e fora da empresa, o agente de Correios, Gleyston Wdembergth Cunha, do Espírito Santo, usa todo seu talento para representar bem esse papel. “É muito gratificante saber que, com poucas ações, contribuímos para a construção de uma história linda da nossa empresa na sociedade”, ressalta o empregado que já atuou em cada etapa da campanha, desde o cadastramento das cartinhas até a triagem e entrega dos presentes.
Em Bauru, interior de São Paulo, há quatro anos o engenheiro Andre Eduardo Mednis dedica-se ao personagem e faz questão de deixar a barba branca crescer durante o ano todo. Tudo para que, no Natal, a figura do Papai Noel permaneça encantadora no imaginário. “Apesar de me considerar tímido, ficar rodeado de pessoas de todas as idades é gratificante. Ajudar os Correios a sensibilizar corações bondosos a presentear crianças cheias de sonhos é muito bom!”, destaca.
Além do toque pessoal ao darem vida ao Bom Velhinho, cada voluntário coleciona diferentes histórias, mas com muito em comum: a generosidade em doar tempo para fazer outras pessoas felizes. As boas memórias são a grande motivação para continuarem a vestir a fantasia do Noel e realizar sonhos.
A lembrança mais feliz de Marcelo Luiz Noronha, técnico de Correios em Brasília e Papai Noel há 26 anos, é de quando foi presenteado por uma criança. Certa vez, ao entregar a sonhada bicicleta para um pequeno garoto, inesperadamente ouviu dele: “espere um pouco”. O menino entrou em sua casa de chão batido e voltou dizendo: “Papai Noel, este é o seu presente de Natal”. “Era um bilboquê, um simples brinquedo seu, mas que contagiou e emocionou a todos naquele dia”, conta Marcelo. “Este é o sentimento que me faz ser Papai Noel todos os anos”.
Foi durante uma ação do Papai Noel dos Correios em um presídio que Carlos Alberto Soares Correa, técnico de Correios no Amazonas, percebeu que acreditar no Bom Velhinho vai muito além de receber um presente. O personagem também é uma figura que leva momentos de esperança para gente grande. “Muitos cantaram comigo, participaram das minhas brincadeiras. Senti naquele momento que dentro de cada um deles existia uma criança querendo apenas um abraço. Um deles me entregou um pedaço de papel com o nome do seu netinho pedindo um presente. Fiz questão de fazer o presente chegar até o garoto”, recorda-se Carlos.
Para José Fábio Porto, carteiro no Rio Grande do Norte e há 15 anos atuando na campanha, uma dos momentos mais emocionantes foi quando teve a oportunidade de ser o Bom Velhinho durante uma festa para crianças com câncer. “Dei uma bola a um garotinho, ele apalpou o meu rosto, me deu um abraço e disse: ‘Papai Noel, obrigado por você existir! Desculpe se não fui bem este ano, é que infelizmente estou dodói e fiquei sem a visão, o senhor poderia trocar o meu presente?’. Rapidamente providenciamos a troca e, com esse pequeno gesto, alegramos o dia daquela criança”, conta.
Seja também um Noel – Com tantas histórias assim, é possível dizer: Papai Noel existe e ele pode ser você! Sim, porque além dos empregados que vestem gorro e barba para fazer a magia acontecer, todos aqueles que trabalham nos Correios atuam, de uma forma ou de outra, em prol do sucesso dessa grande corrente do bem. E, além deles, a empresa conta, todos os anos, com uma participação para lá de essencial: são os inúmeros Noéis espalhados pelo Brasil que, voluntariamente, tiram milhares de sonhos do papel.
Este ano, devido à pandemia, a campanha acontece 100% online e digital. Já são mais de 208 mil cartinhas adotadas até o momento, e o trenó do Bom Velhinho está quase ganhando os céus… Mas ainda é possível ser o Noel de uma criança em alguns Estados! Basta acessar o blog da campanha, clicar em “Seja você Noel” e seguir os passos. Com base na localidade informada, serão disponibilizadas as cartinhas e as sugestões de locais para entrega dos presentes.
Afinal… “Papo-furado é deixar de acreditar. Quando a força da magia só depende do querer. Esquece a barba branca, as renas e o gorro: o Papai Noel existe e eu posso chamar de você!”.