Concurso Internacional de Cartas: jovens relatam desafios e aprendizados na pandemia

Com o objetivo de melhorar a alfabetização de jovens de até 15 anos em todo o mundo, o Concurso Internacional de Redação de Cartas é promovido anualmente pela União Postal Universal (UPU), sediada em Berna, na Suíça e realizado no Brasil pelos Correios. Neste ano, em que a iniciativa celebra a sua 50a Edição, o tema escolhido para a redação foi: “Escreva uma carta a um familiar, contando sobre sua experiência da Covid-19”.

Por meio do mote sugerido, os textos revelam os principais impactos da pandemia na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As percepções vão desde a dificuldade com o isolamento e o estudo remoto, até o tédio, intensificado pelo quebra da rotina.

“Fiz o máximo que pude para proteger a mim e aos meus pais. Mas tenho que confessar uma coisa: estou cansada de ficar em casa! Cansei da monotonia, das aulas on-line, de apenas estudar. Preenchi meus dias com música, leitura e aprendi novos idiomas para desbravar o mundo assim que puder”, relatou a estudante Ana Clara Lopes Motas (13), do Rio de Janeiro (RJ), em um trecho da sua carta.

Mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, o momento também está sendo de aprendizado para muitos jovens: “Em meio a tantos problemas, percebi algumas coisas boas, como ficar mais perto dos meus pais. Agora ajudo nas atividades domésticas muito mais do que antes. Eu aprendi a cozinhar muitas coisas novas, e não estou fazendo isso por obrigação” revelou Fernando Silocchi- 15 anos, Farroupilha/RS.

A convivência maior com os pais também foi comemorada pela estudante Geovana de Jesus Silva (14), de Campo Novo do Parecis (MT). “Uma das coisas boas que aconteceu, foi que meus pais estão passando mais tempo em casa com a gente, fazemos várias brincadeiras em família para passar o tempo e isso nos uniu muito, confesso que sentia falta desse convívio com eles. (…) Sou feliz por isso, e sei que muitas famílias não aguentaram a pressão do convívio uns com os outros, causando desentendimentos e até separações”.

Para Silas Manoel Freitas da Silva, (15), de Carpina (PE), a “pandemia ajudou a perceber que a vida é bela em sua simplicidade, que ela [a vida] é a mais importante de nossas prioridades”, escreveu o adolescente.

Sobre o concurso – Os Correios participam do Concurso Internacional de Redação de Cartas desde 1972. Nesse período, nosso País fez bonito: é o segundo melhor colocado em âmbito internacional dentre 191 países. O Brasil já conquistou três medalhas de ouro (1972 /1988 / 2006), duas medalhas de prata (1978 / 1980), duas medalhas de bronze (1992 / 2015) e recebeu menções honrosas na etapa internacional em 2009, 2012, 2016, 2017 e 2018, superado apenas pela China, que tem cinco medalhas de ouro.

OUTUBRO ROSA
Empregada dos Correios cria perfil para compartilhar luta contra o câncer de mama

Fernanda Lobo

Foi durante um exame de rotina que a administradora Luciane Melo (41) empregada dos Correios há 16 anos, viu o seu “mundo desabar pela primeira vez”, como costuma dizer. Em maio de 2018, durante uma ecografia ela descobriu um pequeno nódulo na mama. Por indicação do seu ginecologista, procurou um mastologista para investigar o que poderia ser.

“Após me examinar, o médico disse que a possibilidade de ser algo maligno seria grande e que, mesmo não sendo, eu teria que passar por uma cirurgia. A partir desse momento eu já não escutei mais nada. O meu mundo caiu pela segunda vez”, relata. O resultado da biópsia indicou um nódulo maligno, de um pouco mais de um centímetro e potencial agressivo. “Desabei pela terceira vez”.

Mas com bom humor e vontade de inspirar outras pessoas, a administradora encontrou força para aceitar o diagnóstico e superar os momentos difíceis do tratamento. Em uma conta no Instagram (@vem_com_a_lu), criada inicialmente para falar de viagens, Luciane decidiu compartilhar, de forma leve e honesta, as dores e alegrias da sua experiência.

“Resolvi expor a minha história para tentar desmitificar o câncer. Ainda existe muito tabu sobre a doença” conta. Na rede social, o nódulo ganhou o apelido carinhoso de “Tamagoshi” e cada “menos uma” sessão de quimioterapia era comemorada. Com a repercussão dos vídeos e relatos, não demorou para aparecer convites para participar de palestras e eventos de conscientização sobre a doença.

“A maior lição que o câncer me trouxe é que a gente não controla nada nesse vida. O tratamento tem muitos altos e baixos e momentos que você acha que não vai suportar. Mas todos os dias aprendo algo novo, principalmente a ser mais tolerante. Me sinto renascida”, revela Luciane.

Hoje, um ano após a cirurgia para retirar um resquício do nódulo, a administradora comemora a sua recuperação em uma viagem pelo Chile. Na sua última foto do Instagram, pulando de braços abertos no Deserto do Atacama, Luciane manda um recado para o câncer: “Sinto muito querido, você não me pertence mais!”.

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Empregada dos Correios cria perfil para compartilhar luta contra o câncer de mama”

Troca de cartas auxilia na leitura e escrita de alunos em MT e PR

Mais de mil quilômetros separam 40 alunos do primeiro ano do ensino fundamental das cidades de Tesouro, em Mato Grosso, e Itambé, no Paraná. Distância vencida por meio da troca de correspondências entre as duas escolas públicas.

A tradicional carta tem sido a aliada das professoras das duas turmas – uma com 15 e outra com 25 estudantes – para trabalhar a leitura e a escrita. “Pensei em uma metodologia para desenvolver essas habilidades com maior facilidade e a ideia das cartas foi aprovada pelos alunos”, contou a professora Evânia Carmo Leão Heintze, da Escola Estadual Arnaldo Estevão de Figueiredo, de Tesouro (a 379 km de Cuiabá). Para colocar em prática o “Projeto Minha Cidade Meu Mundo”, ela contou com a participação da professora Margareth de Branco Costa, da Escola Municipal Domingos Laudenir Vitorino, de Itambé (a 441 km de Curitiba).

Segundo Margareth, como as crianças estão em fase de alfabetização, ela auxilia na redação das cartinhas, escrevendo no quadro o que os alunos demonstram interesse em perguntar a seus colegas de Mato Grosso. Eles também desenham o que mais gostam na sua cidade como forma de apresentação aos novos amigos.

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