Troca de cartas auxilia na leitura e escrita de alunos em MT e PR

Mais de mil quilômetros separam 40 alunos do primeiro ano do ensino fundamental das cidades de Tesouro, em Mato Grosso, e Itambé, no Paraná. Distância vencida por meio da troca de correspondências entre as duas escolas públicas.

A tradicional carta tem sido a aliada das professoras das duas turmas – uma com 15 e outra com 25 estudantes – para trabalhar a leitura e a escrita. “Pensei em uma metodologia para desenvolver essas habilidades com maior facilidade e a ideia das cartas foi aprovada pelos alunos”, contou a professora Evânia Carmo Leão Heintze, da Escola Estadual Arnaldo Estevão de Figueiredo, de Tesouro (a 379 km de Cuiabá). Para colocar em prática o “Projeto Minha Cidade Meu Mundo”, ela contou com a participação da professora Margareth de Branco Costa, da Escola Municipal Domingos Laudenir Vitorino, de Itambé (a 441 km de Curitiba).

Segundo Margareth, como as crianças estão em fase de alfabetização, ela auxilia na redação das cartinhas, escrevendo no quadro o que os alunos demonstram interesse em perguntar a seus colegas de Mato Grosso. Eles também desenham o que mais gostam na sua cidade como forma de apresentação aos novos amigos.

A chegada dos carteiros com as primeiras correspondências foi simultânea e motivo de festa entre os alunos. “A reação de alegria não poderia ser diferente”, contou o carteiro de Tesouro Dênnis Josélio Ferreira Santos. “Participar dessa dinâmica é interessante, pois vi que é um mundo novo para as crianças e elas ficaram muito interessadas”, completou. O carteiro Mario Franco dos Reis, de Itambé, relatou que os alunos estavam muito ansiosos para ler as mensagens que ele entregou na escola. “Fiquei muito feliz de participar e lembrei o tempo em que fui professor, por dois anos, antes de entrar nos Correios”, disse.

“As crianças tinham uma curiosidade enorme em entender como as cartas eram levadas de um lugar ao outro”, contou a professora de Itambé. Margareth ainda percebeu o desenvolvimento do aprendizado da língua. “Eles têm interesse em escrever certo e em conseguir ler tudo o que os amigos registram nas cartas.”

A professora de Tesouro contou que o trabalho é interdisciplinar, aliando os currículos de Língua Portuguesa, Geografia e História em atividades práticas e com intercâmbio entre escolas, trocando experiências e boas práticas sobre o processo de uso da língua. Na avaliação de Evânia, os alunos desenvolvem a escrita muito bem, pois fazem uma atividade prazerosa e, com isso, alcançam o objetivo esperado que é dominar a leitura e a escrita.

“Tratamos também da evolução dos meios de comunicação, desde as cartas até o e-mail, passando por chats e aplicativos de troca de mensagens”, contou Evânia. “Enviamos vídeo com a nossa festinha junina para os amigos de Mato Grosso”, complementou Margareth.

Os carteiros e as equipes das agências dos Correios das duas cidades também ajudam no aprendizado das crianças, explicando como é o fluxo postal e esclarecendo sobre a importância do endereçamento correto e do CEP.