A agente de Correios Lúcia Mendes assumiu os cuidados do sobrinho-neto, Oliver Matheus. Foto: Arquivo pessoal.
Por Sandra Regina
A gente até faz planos, como quem escreve um roteiro de filme, planejando cada passo da nossa trajetória, do começo ao fim. Mas a vida… Pois é, a vida. Bem, na realidade, nem sempre ela segue nossos roteiros. Muda os cenários e os personagens da história que sonhamos, desenha suas curvas e chega com as surpresas. Quem é que já não passou por isso?
E é assim, sem esperar, que começam lindas histórias de maternidade. Mulheres que decidiram não serem mães, por planejamento pessoal, impossibilidade biológica ou alguma situação daquelas que “só sabe quem vive”, de repente, se veem maternando uma, duas ou até cinco crianças! Porque o plano da gente pode até ser outro, mas o amor encontra sempre um jeito de florescer.
A jornada invisível das mães de crianças neurodivergentes
A assistente comercial Milene Rocha Elias é mãe de Yuri, que está no espectro autista. Foto: Arquivo pessoal.
Por Marta Ribeiro
“Mãe sente”. É assim, com a sensação de ter um coração batendo fora do próprio peito, que a assistente comercial Milene Rocha Elias Brasil, lotada em Mossoró (RN), fala sobre as muitas emoções que vivenciou após a chegada do filho Yuri, hoje com 28 anos. Ela conta que, desde os primeiros meses de vida, o menino apresentava características marcantes do autismo, mas em 1997 o mundo ainda não estava pronto para compreender o que hoje conhecemos como neurodivergência (diferenças neurológicas, comportamentais e de aprendizagem fora do padrão).
Naquela época, ela escutava que Yuri era como qualquer outra criança. “Acreditei, porque confiamos naqueles que deveriam nos orientar. Por isso, meu filho não teve acesso a terapias ou acompanhamentos que poderiam ter feito toda a diferença desde cedo”, lamenta.
Acolhimento: “É muito bonito o lado humano dos Correios, muitas vezes não temos isso na escola ou em casa”, relata a jovem aprendiz Beatriz Carvalho. Foto: Divulgação/Correios.
O começo da carreira é um momento desafiador, desde a hora de decidir a escolha da profissão até conseguir, de fato, uma vaga no mercado de trabalho. Para ajudar adolescentes e jovens de todo o país a se qualificarem para enfrentar as exigências da vida profissional, os Correios promovem há 13 anos o Programa Jovem Aprendiz, que está com inscrições abertas até sexta-feira (21).
Atualmente, a empresa possui em seus quadros 3.650 aprendizes, mas já passaram pela estatal mais de 31 mil jovens. Para mostrar como o programa tem feito diferença na vida de milhares de estudantes, o Blog dos Correios conversou com três aprendizes que estão próximas de encerrar o período de experiência na empresa. Confira abaixo os relatos das jovens:
Timidez superada
Com apenas 17 anos, Juliana (nome fictício) iniciou a vida profissional como aprendiz da área de gestão de pessoas dos Correios. Ela relata como a oportunidade dada pela empresa foi importante para a inserção profissional dos jovens no período pós pandêmico. “Por conta do isolamento social, muitos adolescentes como eu foram prejudicados, principalmente na escola, mas os cursos oferecidos pelo Jovem Aprendiz ajudaram muito”, destaca.
A timidez excessiva foi outra dificuldade superada por ela. “As aulas que tive no Senai e a vivência nos Correios me ajudaram a ter mais segurança para falar e me expressar. Hoje faço o lançamento na folha de pagamento das horas extras dos empregados, meu chefe revisa e assina depois. É uma responsabilidade grande”, afirma.
Atualmente, a jovem sonha em cursar psicologia após o término do contrato com os Correios. “O universo da psicologia me atrai porque gosto de aprender sobre o ser humano, quero entender como ele pensa”, conta.
Portas abertas
Para Karyna Isabella, aprender na prática é uma das principais vantagens do Programa Jovem Aprendiz. Foto: Divulgação/Correios.
A estudante Karyna Isabella Maia, 17 anos, quis ser aprendiz por acreditar que o programa abrirá portas para ela. “É uma oportunidade de ganhar experiência. Já passei por três departamentos, não foi muito tempo em cada um, mas já foi suficiente para crescer. Aqui eu trabalho mesmo, aprendo de verdade, e sinto que o eu faço também é importante para a empresa”, orgulha-se.
Orgulho também é o que a jovem diz sentir por ter a passagem pelos Correios marcada no seu currículo. “Trabalhar aqui para mim é uma conquista muito grande. Eu tive essa experiência, sabe? É muito gratificante poder responder: ‘você trabalha?’ Sim, eu trabalho nos Correios”, conclui a jovem que pretende cursar direito e se tornar juíza.
Acolhimento
Para as três aprendizes, a conclusão é unânime: nos Correios, conquistaram não apenas bagagem profissional, mas sobretudo amadurecimento emocional. “Sinto-me acolhida aqui na empresa. A gestão é humana, entende que somos um todo complexo”, conta Beatriz Carvalho, 18, a mais velha delas.
Para Bia, como é carinhosamente chamada pelos colegas, a experiência de trabalhar nos Correios vai muito além da perspectiva laboral. “Os aprendizes dos Correios são como um diamante, sabe? Uma pedra preciosa que não quebra, mas arranha, sofre desgaste, e os Correios entendem isso. É muito bonito esse lado humano da empresa, muitas vezes não temos isso na escola ou em casa”, destaca a jovem.
A gerente corporativa Veronica Hitzschky Bastos confirma a relevância do programa. “É uma iniciativa que vai muito além da obrigação legal, ela faz a diferença tanto para nós, empregados, como para os aprendizes, que aprendem como funciona o mundo corporativo em uma empresa tão grande como os Correios”, conclui a gestora.