Fernanda Lobo
Foi durante um exame de rotina que a administradora Luciane Melo (41) empregada dos Correios há 16 anos, viu o seu “mundo desabar pela primeira vez”, como costuma dizer. Em maio de 2018, durante uma ecografia ela descobriu um pequeno nódulo na mama. Por indicação do seu ginecologista, procurou um mastologista para investigar o que poderia ser.
“Após me examinar, o médico disse que a possibilidade de ser algo maligno seria grande e que, mesmo não sendo, eu teria que passar por uma cirurgia. A partir desse momento eu já não escutei mais nada. O meu mundo caiu pela segunda vez”, relata. O resultado da biópsia indicou um nódulo maligno, de um pouco mais de um centímetro e potencial agressivo. “Desabei pela terceira vez”.
Mas com bom humor e vontade de inspirar outras pessoas, a administradora encontrou força para aceitar o diagnóstico e superar os momentos difíceis do tratamento. Em uma conta no Instagram (@vem_com_a_lu), criada inicialmente para falar de viagens, Luciane decidiu compartilhar, de forma leve e honesta, as dores e alegrias da sua experiência.
“Resolvi expor a minha história para tentar desmitificar o câncer. Ainda existe muito tabu sobre a doença” conta. Na rede social, o nódulo ganhou o apelido carinhoso de “Tamagoshi” e cada “menos uma” sessão de quimioterapia era comemorada. Com a repercussão dos vídeos e relatos, não demorou para aparecer convites para participar de palestras e eventos de conscientização sobre a doença.
“A maior lição que o câncer me trouxe é que a gente não controla nada nesse vida. O tratamento tem muitos altos e baixos e momentos que você acha que não vai suportar. Mas todos os dias aprendo algo novo, principalmente a ser mais tolerante. Me sinto renascida”, revela Luciane.
Hoje, um ano após a cirurgia para retirar um resquício do nódulo, a administradora comemora a sua recuperação em uma viagem pelo Chile. Na sua última foto do Instagram, pulando de braços abertos no Deserto do Atacama, Luciane manda um recado para o câncer: “Sinto muito querido, você não me pertence mais!”.
#CompartilheSuaLuta
Uma recente pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mediu os efeitos da comunicação online em mulheres com a doença. Os resultados mostraram que compartilhar experiências pode realmente fazer com que as pacientes se sintam mais resolvidas sobre as suas decisões de tratamento. As voluntárias que afirmaram se comunicar virtualmente dessa forma relataram sentir mais positividade sobre suas decisões de tratamento.
Em 2018, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) lançou campanha nacional para estimular a formação de redes de apoio para mulheres com câncer de mama. Sob o mote #CompartilheSuaLuta, a iniciativa mostrou que pacientes e familiares podem junto a outras pessoas encontrar informação úteis para enfrentar o câncer de mama.
Outubro Rosa
Há mais de vinte anos o mundo se pinta de rosa para alertar sobre o câncer de mama. Criado nos Estados Unidos, o movimento Outubro Rosa chegou ao Brasil de forma organizada, em 2008. Com a sanção da Lei 13.733/2018, outubro se tornou oficialmente o mês da conscientização a respeito do câncer de mama.
Tanta esforço em se falar sobre a doença não é por acaso. O câncer de mama, é o segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.
Os principais sinais e sintomas da doença são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).