Selos postais sobrevivem à era digital

Kátia Salina

O primeiro selo data do século 19. Mais de duzentos anos depois, a peça ainda é utilizada nos objetos postais, mas de lá pra cá, muita inovação foi aplicada a esse pequeno pedaço de papel.

A utilização em vários formatos é uma delas. Em 2002, os Correios lançaram o primeiro selo redondo brasileiro, dentro da emissão “Campeões do Mundo de Futebol do século 20”. Os países que já haviam ganhado a Copa do Mundo – Argentina, Alemanha, Itália, França, Uruguai e Inglaterra – participaram desse grande projeto filatélico, junto com os Correios do Brasil.

Em 2003, a peça alusiva à luta contra o HIV/AIDS foi lançada no formato de coração, e a do Natal, no formato triangular e autoadesiva.


Outros materiais, além do tradicional papel moeda, também foram empregados para imprimir selos, ainda no século 20: em 1999, destaque especial para a quadra alusiva aos “Parques Nacionais do Brasil – Prevenção a Incêndios Florestais”, impressa em papel reciclado com aroma de madeira queimada, que visava conscientizar as pessoas para a necessidade de preservar as riquezas do nosso meio-ambiente.

Em 2005, os Correios lançaram a emissão “Série América: Escritores Brasileiros – Homenagem a Mario Quintana”, impressa em talho doce/alto relevo, sensível ao tato. O selo foi um tributo ao grande escritor e poeta gaúcho, considerado um dos maiores poetas líricos do país e da América do Sul. No ano seguinte, foi lançado o bloco “O Maior Cajueiro do Mundo”, que apresenta, de forma estilizada, a árvore localizada na cidade de Parnamirim (RN), com arte de Álvaro Nunes e impressão em micro letras no formato do bloco.

Ainda em 2006, os Correios lançaram o bloco com dois selos intitulado “Tubarões – Um Patrimônio Ameaçado”, que apresenta espécies de tubarão em extinção, ao mesmo tempo em que retrata a beleza do fundo do mar, habitat natural das espécies. As duas peças do bloco focalizam os tubarões Cola-fina (Mustelus Schmitti) e Martelo (Sphyrna lewini), impressas em papel cuchê gomado com brilho. Na espécie tubarão Cola-fina, focalizada no selo superior, foi aplicada a técnica de holografia, com o objetivo de imprimir movimento e beleza ao conjunto.

Em 2010, para comemorar o centenário do Sport Club Corinthians Paulista, foi lançado o primeiro selo em tecido, autoadesivo, bordado e impresso em cores em silk, com aplicação de tinta invisível luminescente fluorescente.

Já sentiu um selo?

Consegue imaginar-se recebendo uma carta e, ao raspar o selo, sentir um cheirinho de café torrado? E como resistir ao perfume de flores em uma encomenda? Já pensou em fazer a felicidade de alguém enviando uma correspondência com selos que cheiram a mel? Esses são apenas alguns exemplos de aromas que já foram utilizados.

Mas o olfato não foi o único sentido explorado pela filatelia. Em 2009, o selo alusivo ao bicentenário do nascimento de Louis Braille trouxe uma página escrita no sistema de leitura para cegos e vendeu mais de 850 mil cópias.

Para ver e ouvir

Em 2018, quando a música “Noite Feliz” completou 200 anos, os Correios do Brasil trouxeram uma novidade para o universo da filatelia no país: uma animação sobre a história da canção. Por meio do aplicativo HP Reveal, que cria e projeta recursos de realidade aumentada, quem adquiriu o bloco de Natal pôde visualizar cenas natalinas ao som daquela que se tornou uma das canções mais populares do mundo e foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2011. O selo ficou em primeiro lugar no Prêmio Internacional São Gabriel de Arte Filatélica, promovido pela Fundação Fioroni, em Legnago, na Itália e dividiu o prêmio com a emissão do correio alemão que destaca os quatro clérigos conhecidos como mártires de Lubeck.

Ficou curioso? Ainda é possível adquirir o selo que homenageia a canção Noite Feliz na Loja Virtual dos Correios! Quem sabe este seja o começo de uma paixão chamada filatelia?