Parte da trama foi gravada em um prédio dos Correios no Recife; empregados da empresa participaram das filmagens

Qual é a relação dos Correios com o filme brasileiro O Agente Secreto? Dirigido por Kléber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, o longa estreia hoje (6) nos cinemas de todo o país e traz, entre suas locações, um cenário especial para quem conhece bem o Recife.
O que pouca gente sabe é que parte da história foi filmada em um prédio dos Correios, com a participação especial de empregados da empresa.
Localizado no bairro da Boa Vista, o edifício dos Correios foi escolhido pela equipe de produção pela arquitetura preservada e pela atmosfera que ainda guarda o cotidiano da cidade. Suas fachadas, colunas e corredores dão veracidade à narrativa que se passa no Brasil de 1977, um tempo em que as comunicações ainda eram feitas por cartas.

Com distribuição prevista em mais de 100 países, a ficção conta histórias de um país ainda em ditadura militar, reunindo desde dilema de pessoas perseguidas às lendas urbanas locais.
A presença dos Correios no longa é mais do que uma curiosidade de bastidor: é uma prova de que a empresa, assim como o cinema, continua conectando o Brasil, de norte a sul, do passado ao futuro.
Um cenário que guarda o tempo
Para reconstituir o ambiente da época, a produção de O Agente Secreto buscou locações reais que conservassem a identidade visual e o espírito dos anos 1970.
O prédio dos Correios foi uma das escolhas naturais: um espaço que segue vivo, em funcionamento, onde a cidade passa todos os dias e onde o tempo parece permanecer em cada detalhe arquitetônico.

Durante as filmagens, empregados dos Correios acompanharam cada detalhe. O cenário que para a equipe de cinema era reconstituição de época, para eles era parte viva da rotina: os mesmos balcões, o mesmo som de passos ecoando pelos corredores.
“Quando a equipe chegou e disse que ia gravar aqui, a gente nem acreditou”, lembra Maria do Carmo Marinho, atendente dos Correios. “Ver o prédio dos Correios virando cenário de cinema foi emocionante; é como se a nossa história ganhasse uma nova vida.”

“Eles queriam mostrar o Brasil dos anos 70, e os Correios estavam lá, do mesmo jeito: conectando pessoas”, conta José Siqueira Dias Júnior, técnico operacional. “Quando vi as câmeras filmando o balcão onde eu atendo, pensei: o que é rotina pra gente pode ser cinema pra muita gente lá fora.”
“A gente nunca imagina que vai parar num filme, né?”, completa Carlos Roberto Gonçalves, carteiro. “Os Correios fazem parte da vida de todo mundo e agora também estão nas telas.”
Cinema São Luiz e os Correios
A locação carrega ainda um simbolismo especial. O prédio dos Correios aparece em cena a poucos metros do lendário Cinema São Luiz, ícone da cultura recifense e também personagem do documentário Retratos Fantasmas, do próprio Kléber Mendonça Filho.

Ali, entre o cinema e a agência dos Correios, duas formas de comunicação se encontram: uma projeta histórias; a outra as entrega.
Podcast
Os bastidores dessa participação viraram tema do novo episódio do podcast Universo Postalis, gravado no Recife.
No programa, os empregados que acompanharam as filmagens contam como foi ver o próprio local de trabalho transformado em cenário de cinema e o que significou fazer parte de um filme que hoje representa o país no mundo.
Porque, no fim, é isso que sabemos fazer melhor: conectar histórias que merecem ser contadas.
Confira o episódio completo no Universo Postalis, disponível no Spotify e no YouTube.
