Hoje, 18 de dezembro, é celebrado o Dia do Museólogo. Como toda data comemorativa, é importante refletir sobre sua importância a partir do significado da museologia nos dias atuais. Além disso, vale fazer uma aproximação entre esta área de conhecimento e a filatelia.

De acordo com a Lei Nº 7.287, de 18 de Dezembro de 1984, que regulamenta a profissão, o museólogo é responsável pelo planejamento, direção, administração e supervisão de museus e instituições culturais similares. Pode atuar na área de pesquisa, educação e administração/conservação do acervo museológico. Apesar de a lei ser dos anos 1980, esta carreira não é recente. O primeiro curso de museologia brasileiro é o Curso de Museus, criado em 1932 e ministrado pelo Museu Histórico Nacional. Hoje em dia, tem caráter de graduação e está sob responsabilidade da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Não obstante a criação pioneira do curso de Museus, de acordo com um estudo de Luciana Ferreira da Costa, durante todo o século XX só foi criada mais uma graduação, em 1969, na Universidade Federal da Bahia. Somente no início do século seguinte os cursos de museologia se espalharam pelo país, hoje contando com 16 no total. Essa expansão é explicada devido às políticas de incentivo aos espaços museais no início dos anos 2000 (a Política Nacional dos Museus – PNM) que resultaram, dentre outras ações, na criação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Em conjunto, o incentivo à expansão do ensino universitário promovido nos mesmos anos resultou na criação de novos espaços para a museologia. A área, então, passou a estar sob a tutela de instituições de ensino e pesquisa de qualidade, sendo a maioria dos cursos atualmente ofertados por universidades federais.

A formação de novos museólogos nos últimos anos é bastante positiva no que concerne à filatelia, uma vez que os selos e as coleções filatélicas podem ser objeto de análise destes profissionais. O próprio Museu Nacional dos Correios conta com museólogos responsáveis pelo acervo da instituição, inclusive o filatélico. Além disso, alunos de graduação recentemente passaram a se interessar pela temática e surgiram trabalhos que tiveram como fontes de estudo o acervo filatélico do Museu dos Correios. É o caso das duas monografias de Natasha Meija Buarque, sobre a presença de mulheres nos selos postais brasileiros. Por outro lado, a filatelia se beneficia da análise feita pelo método específico da museologia. Passa-se, então, a produzir conhecimento a partir da utilização dos selos como fonte.
O espaço de atuação dos museólogos vem a conhecimento do público: os museus nos selos postais brasileiros
Outra questão que deve ser levada em consideração é a representação em selos do espaço de atuação do museólogo. De uma maneira geral, os museus foram focalizados em anos diversos e há uma tendência para figurar uma obra ou parte do acervo e não a fachada do museu em si. Este tipo de registro tem uma vantagem: o selo, como objeto que circula, é responsável por levar ao conhecimento da população amplas informações visuais e textuais sobre as instituições museais e seus acervos. Ou seja, qualquer pessoa que adquira um selo sobre esta temática poderá ter contato com o que reside dentro de um museu sem conhecê-lo fisicamente.
É interessante notar como os museus e os selos postais guardam entre si semelhanças. Ambos são responsáveis, à sua maneira, em conservar e registrar aquilo que é tido como significativo na construção cultural, social e histórica de determinados grupos.
Assim, o selo, como objeto responsável pelo registro memorialístico daquilo que é considerado importante por determinados setores da sociedade, ao longo do tempo, trouxe os museus e seus acervos como parte essencial das políticas de cultura do Brasil. Isso é visível, inclusive, nas datas de lançamento dos selos. O primeiro a ser circulado com esta temática é de 1968 e é uma homenagem ao Museu Nacional pelos seus 150 anos. Nesse período, consolidavam-se os passos para a profissionalização da museologia, que se desenvolvia então somente em curso ministrado no Rio de Janeiro. Coincidentemente, o último espaço a ser celebrado em selo é também o mesmo Museu, que completou seu bicentenário em 2018, mesmo ano em que a instituição, infelizmente, foi acometida por um incêndio. Em comum entre as duas emissões, está a presença da Harpia ou gavião-real, ave símbolo do Museu Nacional.
A filatelia, em 1968 e em 2018, trouxe à tona a importância desta instituição, lembrando que os museus e seus profissionais, os museólogos, são de grande relevância tanto no passado quanto no presente e, por isso, objetos de registro filatélico.

Referências:
BUARQUE, Natasha Meija. A Visibilidade das Mulheres por Meio da Filatelia Brasileira: Identificação e Problematização de Gênero no Acervo Filatélico do Museu dos Correios (1843- 2015). Trabalho de Conclusão de Curso em Museologia. UnB, Brasília: 2018.
COSTA, Luciana Ferreira da. Percurso Histórico da Formação em Museologia No Brasil. XIX Encontro Nacional De Pesquisa Em Ciência Da Informação. Universidade Estadual de Londrina. Anais Eletrônicos, Londrina, 2018.
LEI Nº 7.287, de 18 de Dezembro de 1984. Dispõe sobre a regulamentação da profissão de museólogo. Disponível em <http://cofem.org.br/legislacao_/legislacao/#lei-7287>