Plantas Têxteis: algodão, cairo, juta e sisal

Esta emissão filatélica aborda quatro plantas têxteis: algodão, cairo, juta e sisal, que se destacam, significativamente, no Brasil, por sua importância econômica e social.

Algodão

O algodão é uma fibra comumente branca ou esbranquiçada, obtida dos frutos de algumas espécies do gênero Gossypium hirsutum, Família Malvaceae. Existem muitas espécies nativas de áreas tropicais da África, Ásia e América, e, desde o final da última glaciação, há milhares de anos, vem se fazendo uso do algodão. Atualmente, somente quatro espécies são utilizadas, em larga escala, para a confecção de tecidos e instrumentos médicos. As propriedades físicas da fibra determinam sua qualidade ou valor tecnológico, conforme sua finalidade. Em outros tempos, o valor do algodão era considerado apenas com base no comprimento da fibra e na variedade comercialmente mais aceita. Após a descoberta do Brasil, em 1500, exploradores portugueses observaram indígenas produzindo artigos da fibra do algodão, muitos dos quais preservados no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Conhecido, na época, como Ganga, o algodão primitivo pode, ainda hoje, ser encontrado em condições silvestres em algumas das mais inacessíveis e remotas regiões do País.

O algodão vem sendo cultivado, de modo efetivo, no Brasil, desde 1570, podendo-se afirmar que, no final do século XVII, já era cultivado em grande parte do País (São Paulo, Minas Gerais, Pará e em diversas áreas do Nordeste), e considerável quantidade exportada para a Europa.

No período entre 1781 e 1800, o Brasil foi a principal fonte de suprimento de algodão de Lancashire, na Inglaterra. Esse processo permaneceu até os Estados Unidos tornarem-se fortes competidores no comércio internacional. A cotonicultura brasileira revelou – se uma atividade altamente lucrativa. Posteriormente, quando o algodão norteamericano assumiu sua supremacia, a indústria algodoeira brasileira ressentiu-se. O Nordeste intensificou a cultura da cana-de-açúcar, e o Sul do País, expandiu a do café.

Com a abolição da escravatura em 1888, os grandes cotonicultores brasileiros abandonaram a atividade e o algodão passou a ser cultivado em pequenas áreas, cuja produção era suficiente apenas para atender a demanda local. No início do século XX, as perdas sofridas nas indústrias nacionais de borracha e de café, coincidindo com a escassez dos estoques mundiais do algodão, direcionaram a atenção de muitos produtores para essa cultura agrícola. Nessa época, a produção nacional era estimada em 187.500 toneladas anuais de algodão em pluma, e o Brasil ocupava a quinta posição entre os maiores produtores. A baixa oferta, o elevado preço do algodão no mercado internacional e a demanda crescente do mercado nacional, reavivariam a “febre” da cotonicultura brasileira, cujos indicadores positivos se consolidariam ao longo do século passado.

O Estado da Paraíba se constituiu no mais importante núcleo de produção de algodão do Nordeste, onde, por certo, já era intensamente cultivado no século XVIII. A lavoura algodoeira paraibana seguiu a mesma rota da cotonicultura pernambucana. Seu cultivo se iniciou junto aos canaviais do litoral, para depois ocupar as regiões do Agreste e do Brejo, e instalar-se definitivamente na Caatinga, no Sertão.

No Agreste, o auge da lavoura algodoeira aconteceu entre o final do século XVIII e a primeira década do século XX, prevalecendo, nessa ocasião, o aumento da demanda de algodão em função das inovações do setor de fiação durante a Revolução Industrial, o que refletiu, positivamente, na cotonicultura nacional. O Agreste, então, passou a se constituir na principal região algodoeira da Paraíba e do Nordeste brasileiro.

A pecuária foi uma grande aliada nessa expansão, permitindo ao algodão desenvolver-se em áreas de clima mais quente e seco, na Caatinga, onde se fixaria em definitivo. Essa bem-sucedida “parceria” viria beneficiar a agropecuária nordestina, dando origem ao conhecido binômio boi-algodão, que passaria a dominar a paisagem tanto do Sertão quanto do Agreste. Da semente do algodão extrai-se óleo, e, do seu resíduo, fazia-se uma torta usada como ração animal. Além disso, o gado era solto a pastar sobras das demais culturas com as quais o algodão era consorciado. Após a colheita, a folhagem do próprio algodão era utilizada na alimentação do gado.

Desse modo, a atividade algodoeira integrou-se perfeitamente à pecuária.

Por meio dessa integração foram dirimidos os riscos de prejuízos com o algodão, ora pela oscilação natural de preços, ora pelas rigorosas secas periódicas, muito frequentes na região.

A pecuária se constituía na principal atividade econômica regional, e o algodão ganhava caráter de cultura agrícola permanente, além de compor uma renda adicional para o produtor.

E a Paraíba se transformaria do final do século XIX a meados dos anos 1930, no estado de maior produção algodoeira do Brasil.
Editor Técnico – Embrapa Algodão

A partir de então, a Paraíba perdeu a hegemonia da produção, e Campina Grande, do comércio de algodão, para o Estado de São Paulo. A crise do café levou tradicionais cafeicultores a aplicarem capital na produção algodoeira. No entanto, o dinamismo exercido pela cultura consolidou muitos benefícios à vida econômica e social paraibana, e Campina Grande ainda permanece sendo o maior centro comercial do estado e um dos mais importantes da região Nordeste. O negócio do algodão impulsionou as demais atividades produtivas, diversificando e incrementando intensivamente a economia local e regional.

Demóstenes Marcos Pedrosa de Azevedo.

Editor Técnico – Embrapa Algodão.

Cairo.

A indústria automobilística faz grande uso da fibra de coco. No Brasil, desde 1994, uma grande montadora utiliza a fibra de coco na fabricação de encostos de cabeça para seus caminhões, e, desde 1999, o produto também compõe os assentos dianteiros de um modelo de automóvel da mesma empresa. A fibra oferece muitas vantagens em relação às espumas de poliuretano, que são geralmente usadas nos estofamentos, por ser biodegradável, e menos volumosa em relação à sintética.

A fibra de coco, também chamada Coir ou Cairo provém do coqueiro comum (Cocos nucifera). É a única fibra de fruta que é usada, comercialmente, em grande volume. O coqueiro é plantado na Índia desde a antiguidade. Lá ele é chamado de “Árvore do Bem- Estar” ou “Árvore do Céu”. Desde 1840 o plantio é feito em grande escala. O coqueiro existe em todos os países tropicais, em inúmeras variedades. Os maiores produtores mundiais são Filipinas, Indonésia, Índia, Sri Lanka e Tailândia. Na América Latina, o México, Brasil, e Venezuela lideram a produção. Atualmente, a Índia é líder mundial na comercialização desse produto, com 1,02 bilhão de toneladas de fibra produzidas por ano. No Brasil, a produção atinge, anualmente, 40 milhões de toneladas de fibra.

O coqueiro produz flores e frutos ao mesmo tempo, e faz a colheita durante todo o ano. Seu uso pela indústria é muito variado: manufatura de colchões para salto, tapetes, capachos, cordame especial para navios, escovas, vassouras, material de enchimento ou almofadas, e para fabricação de madeira prensada, utilizada na construção de casas, entre outros. A fabricação de mantas de fibra de coco para reflorestamento facilita o início do processo de sucessão ecológica e projetos de recuperação ambiental de mata ciliar, reflorestamento em áreas erodidas, degradadas e, inclusive, em locais de difícil acesso como pedreiras íngremes. Suas mantas também são utilizadas para embalar buquês, ramalhetes e flores em vaso. As fibras são amplamente utilizadas na jardinagem e decoração, na fabricação de vasos, e como substrato no plantio de orquídeas, substituindo completamente o xaxim, cuja extração é proibida no Brasil.

A indústria automobilística faz grande uso da fibra de coco. No Brasil, desde 1994, uma grande montadora utiliza a fibra de coco na fabricação de encostos de cabeça para seus caminhões, e, desde 1999, o produto também compõe os assentos dianteiros de um modelo de automóvel da mesma empresa. A fibra oferece muitas vantagens em relação às espumas de poliuretano, que são geralmente usadas nos estofamentos, por ser biodegradável, e menos volumosa em relação à sintética.

Juta

A juta (Corchorus capsularis) é uma fibra têxtil vegetal que provém da Família Tilioideae. Essa erva lenhosa alcança de 3 a 4 metros de altura e o seu talo tem uma grossura de aproximadamente 20 milímetros, crescendo em climas quentes e úmidos. As plantas florescem 4 a 5 meses depois de semeadas e, então, inicia-se imediatamente a colheita. A fibra útil é contida entre a casca e o talo interno e a extração é feita pelo processo da maceração. As árvores cortadas rente ao solo, por meio de foices, são limpas das folhas, postas em feixes em água corrente ou mesmo parada. A alta temperatura das regiões nas quais é cultivada favorece a fermentação e, dessa forma, consegue-se a maceração de 8 a 10 dias, permitindo, assim, a fácil retirada da casca da planta e separação da fibra da parte lenhosa do talo, sendo, em seguida, enxaguada e empacotada.

As melhores qualidades de juta distinguem-se pela robustez das fibras e pela cor branca e brilhante do talo. As de qualidade inferior possuem talos mais escuros e menor comprimento das fibras, de cor mais acinzentada, tendo menor resistência. Até os anos 1930, o Brasil dependia, exclusivamente, da juta importada da Índia. Introduzida no Brasil por Ryota Oyama, foi cultivada inicialmente por imigrantes japoneses, que criaram a variedade designada “Oyama”. Difundida na região amazônica, chegou a representar 30% da economia do Estado do Pará.

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

Sisal

Originário do México, o sisal ou agave (Agave sisalana) foi introduzido no Brasil por volta de 1903, e, a partir dos anos trinta, ganhou grande importância econômica no Nordeste. O Brasil é o principal produtor mundial, atendendo a 60% da demanda, produzindo cerca de 140 mil toneladas ano, sendo o Estado da Bahia responsável por 95% da produção nacional.

O sisal é uma cultura de exportação, com aproximadamente 80% destinada ao mercado externo, constituindo-se em uma grande alternativa econômica importante para pequenos produtores do semi-árido nordestino, inseridos nas regiões sisaleiras dos estados da Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, onde cerca de quinhentas mil pessoas dependem desta cultura para sobreviver.

A fibra do sisal é utilizada para fabricação de cordas, cordéis, fios, tapetes, papel, e no artesanato. Mais recentemente, vem sendo difundida e utilizada como componente natural de peças de automóveis (painéis, revestimentos, assentos, pára-choques), em mobília, na construção civil, na fabricação de telhas em substituição ao amianto e em divisórias.

Waltemilton Vieira Cartaxo
Analista – Embrapa Algodão

 

Sobre o Selo

A quadra retrata quatro plantas têxteis muito conhecidas no Brasil, e de grande importância econômica: o algodão, o cairo (fibra de coco), a juta e o sisal. Em cada selo são mostrados produtos confeccionados com a matéria-prima derivada desses vegetais, como bolsas, cordas, tecidos e vasos. Foram utilizadas as técnicas de desenho em calcografia e computação gráfica.

Código de comercialização: :852008589

 

Detalhes Técnicos

Edital: nº 20
Arte: Cecília Langer
Processo de Impressão: ofsete + calcografia
Folha: Folha com 24 selos
Papel: Cuchê gomado
Valor facial: R$ 2,00
Tiragem: 600.000 selos
Área de desenho: 33mm x 33mm
Dimensões do selo: 38 mm X 38 mm
Picotagem: 11,5 x 12
Data de emissão: 12/8/2010
Local de lançamento: Brasília/DF, Campinas
Impressão: Casa da Moeda do Brasil
Versão: Departamento de Filatelia e Produtos/ECT
Prazo de comercialização:

Até 31 de dezembro de 2013 (este prazo não será considerado quando o selo/bloco for comercializado como parte integrante das coleções anuais, cartelas temáticas ou quando destinado para fins de elaboração de material promocional.)

Os produtos podem ser adquiridos pela loja virtual dos Correios: www.correios.com.br/correiosonline ou pela Agência de Vendas a Distância – Av. Presidente Vargas, 3.077 – 23º andar 20210-973 – Rio de Janeiro/RJ – telefones: (21) 2503-8095/8096, fax: (21) 2503-8638, e-maill: centralvendas@correios.com.br

Para pagamento, envie cheque bancário ou vale postal, em nome da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ou autorize débito em cartão de crédito American Express, Visa ou Mastercard.

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