Brasília – Os Correios lançaram nesta quarta-feira (19), em Brasília, selo personalizado e carimbo comemorativo alusivos aos 100 Anos de Brasil nas Olimpíadas, na forma de homenagem ao tenente do exército Guilherme Paraense. Aos 36 anos de idade, o militar se tornou o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha de ouro em uma olimpíada, em 1920, nos jogos de Antuérpia, Bélgica. Paraense venceu a prova com pistola de tiro rápido no dia 3 de agosto, superando o favorito da modalidade, o americano Raymond Bracken, com uma diferença de apenas dois pontos: 274 contra 272.
A cerimônia de lançamento do selo e do carimbo aconteceu no salão nobre do Palácio do Planalto, com a presença do Presidente da República, dentre outras autoridades e convidados.
O selo estará disponível para encomendas nas agências dos Correios ou pela internet, na loja virtual www.correios.com.br/correios-online.
Sobre o selo
O selo personalizado do Centenário Olímpico retrata a trajetória vitoriosa do Brasil na história dos Jogos Olímpicos. A pintura colorida simulando aquarela apresenta o primeiro medalhista de ouro do país: a imagem traz Guilherme Paraense segurando uma réplica da pistola Colt, utilizada por ele durante a conquista do título no tiro esportivo, na edição da Antuérpia, em 1920. A imagem apresenta também o alvo com as devidas marcas de tiros na pontuação original da conquista. Ao fundo estão a bandeira brasileira, símbolo nacional defendido por todos os nossos atletas, e a marca criada para celebrar o centenário olímpico.
O primeiro ouro olímpico brasileiro
Era a estreia do Brasil em Jogos Olímpicos. O país participou com delegação constituída por 22 atletas de diversas modalidades. Sete deles integravam a equipe de tiro esportivo, que trouxe três medalhas para casa, uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Formada pelos Tenentes Guilherme Paraense e Demerval Peixoto, Dário Barbosa, Fernando Soledade, Mário Machado, Sebastião Wolf, e Afrânio Costa como chefe, a equipe iniciou a viagem para a Antuérpia a bordo do Navio Curvello, cedido pela Marinha Mercante.
Depois de quase um mês no navio, mal acomodados e tendo que treinar em alto mar, os atiradores, receosos de não chegar a tempo das provas, decidiram parar em Portugal e, de lá, seguir de trem para a Bélgica.
A saga da equipe brasileira de tiro não terminou ali. Depois de seguir viagem num vagão de trem aberto, de passar por problemas alfandegários com as armas e ainda ter parte da munição furtada, foi preciso fazer uma caminhada de 18 km até Baverloo, local onde seriam realizadas as provas.
Sensibilizados com a situação pela qual os brasileiros passaram, membros da equipe de tiro americana cederam uma parte de seu material (munição, alvos, pistola) para que os atiradores da equipe brasileira pudessem competir.
Assim, em 2 de agosto de 1920, Afrânio Antônio da Costa sagrou-se o primeiro esportista a ganhar uma medalha olímpica para o Brasil, ao conquistar o segundo lugar (prata) na prova individual dos 50m de pistola livre. Nesse mesmo dia, como uma ironia do destino, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Afrânio Costa garantiram o bronze na prova por equipes, superando os Estados Unidos, justamente o país cuja delegação emprestou armas e munição a eles.
Mas foi no dia seguinte, em 3 de agosto, que veio o primeiro ouro olímpico brasileiro: Guilherme Paraense levou o País ao lugar mais alto do pódio, marcando 274 pontos de 300 possíveis, dois pontos à frente do americano Raymond Bracken. Paraense venceu a prova de pistola rápida de 25 metros acertando um tiro na mosca na prova de desempate individual.
A primeira participação brasileira numa olimpíada terminou com o saldo de três medalhas conquistadas na modalidade tiro esportivo, sendo uma delas, o primeiro ouro olímpico de Guilherme Paraense, que, também carrega o feito de ter sido o primeiro Porta-Bandeira do Brasil em Jogos Olímpicos. Somente 32 anos depois, o País conseguiria uma nova medalha de ouro, com Adhemar Ferreira da Silva, em Helsinque, na Finlândia.
Mão firme e excelente mira
Guilherme Paraense nasceu em 25 de junho de 1884, em Belém, no Pará, mas foi ainda criança para o Rio de Janeiro, onde frequentou a Escola Militar de Realengo. Foi ali que descobriu e desenvolveu seu pendor para a modalidade esportiva. Era conhecido por sua tranquilidade, mão firme e excelente mira, que o faziam sempre acertar o alvo, independentemente do formato que tivesse.
No final da década de 1910, sagrou-se campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade tiro com revólver. E, em 1914, no Rio de Janeiro, juntamente com um grupo de atiradores, fundou o Revólver Clube, contribuindo para o crescimento deste esporte no País.
Paraense continuou a carreira esportiva como atleta do Fluminense e seguiu, também, a carreira militar, até deixar o Exército em 1941 como tenente-coronel reformado. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1968, aos 83 anos de idade.
Em 1989, o pioneiro do ouro olímpico foi homenageado pelo Exército Brasileiro, que batizou com o nome “Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense” o conjunto de estandes de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende (RJ). Além disso, no local é realizado, anualmente, um torneio que também leva seu nome, válido para o calendário brasileiro de competições de tiro esportivo.
Em 2020, comemoramos o aniversário de 100 anos do legado deixado por esse militar atleta que fez história no esporte brasileiro.
Que história marcante desses atletas brasileiros. Feito inspirador. Desconhecia a história.
Não sou filatelista, mas, reconheço a importância do selo, de maneira especial os comemorativos, pelo registros da vida que se revela além dos anos … Parabéns!