Logística fluvial garante serviços postais na região norte

Paula Ramos


Presente em todos os 5.570 municípios do Brasil, os Correios conhecem bem as dimensões continentais e a diversidade do país. Para entregar cerca de meio bilhão de objetos postais por mês em todo o território nacional, a empresa precisa driblar diferenças geográficas, econômicas e sociais.

Na região norte, a maior do país em área territorial, possui também a maior bacia hidrográfica do mundo: a amazônica. São mais de 16 mil quilômetros de malha hidroviária, o que faz dos rios da região a principal via de transporte de passageiros e cargas.

Embarcações repletas de alimentos, eletrodomésticos, materiais de construção, medicamentos e muitos outros objetos, além de passageiros, compõem a paisagem da região. Dono de uma pequena loja de informática na ilha do Marajó, a 228 quilômetros de Belém, Izanias de Sousa Ferreira é um dos microempreendedores que utilizam os serviços dos Correios para manter o seu negócio.

O empresário Izanias de Sousa prefere receber seus pedidos na agência dos Correios. Foto: Divulgação/Correios

“Desde um capacitor até um ventilador a gente pede pelos Correios, porque o frete é mais rápido e barato que na transportadora. Nos Correios demora em média 10 dias para chegar, enquanto na transportadora o mínimo são 21 dias”, relata Izanias.

Com a missão de conectar pessoas, instituições e negócios, clientes como Izanias movem a maior empresa pública do Brasil a oferecer soluções acessíveis e confiáveis. “Os Correios são fundamentais para o funcionamento da cidade: desde enviar um documento via carta registrada até um Sedex”, reconhece o empresário.

Santo barco

Dos sete estados que formam a região norte, três dependem do transporte pelos rios para receber qualquer tipo de carga. No Amazonas, todos os 63 municípios dependem de barcos e balsas: 86% da carga não urgente do estado é atendida pelo modal fluvial e somente 14% pela malha rodoviária. Já a carga urgente segue via aérea, semanalmente, para as cidades de Carauari, Eirunepé, Envira, Tabatinga e Tefé.

No Amapá, toda carga destinada ao estado do depende dos modais hidroviário ou aéreo. As duas modalidades de transporte são realizadas no Pará de onde a carga urgente segue pela rede postal aérea noturna dos Correios, e a não urgente pelos rios da região.

A distribuição da capital Macapá para os demais municípios se dá via terrestre, com exceção do arquipélago de Bailique onde as águas do Rio Amazonas são a única forma de acesso. Já no Pará, 50 dos 144 municípios são atendidos pelos Correios por meio do transporte fluvial.

Desafios logísticos

Estudo e planejamento são essenciais para organizar as rotas e modais utilizados no processo logístico de cada serviço dos Correios. As escolhas têm relação direta com os prazos e preços praticados pela empresa. Ao transportar a mesma quantidade de carga postal por via aérea, o valor pode chegar a ser oito vezes maior comparado ao gasto com transporte fluvial.

No centro de tratamento dos Correios, a carga é separada em conteineires que serão transportados pela embarcações.

Um exemplo dos desafios e da organização dos processos logísticos dos Correios é o que acontece na cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre. É de lá que saem, de barco, as cartas e encomendas destinadas as cidades de Guajará e Ipixuna, no sudoeste do Amazonas. Nesse caso, a proximidade geográfica torna essa a melhor opção de transporte na região.

Em média, os veículos fluviais transportam 70 toneladas da carga interna, já a linha área responde por pouco mais de cinco toneladas. Entre os meses de setembro e janeiro, esses números aumentam devido a operações logísticas especiais, como a entrega dos livros didáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que atende os estudantes de todas as escolas públicas do país, ou ainda as operações que garantem as entregas na época do Natal.