Flávia Drummond
Todo ano é a mesma coisa. Novembro mal desponta no calendário e as perguntas a respeito da ação de responsabilidade social mais famosa da empresa já começam a pipocar: “Quando começa o Papai Noel dos Correios?”. Nascida no coração de alguns empregados da estatal, a campanha, que completa 30 anos em 2019, não demorou a conquistar o país inteiro.
Não é para menos. Com o objetivo de responder às cartas das crianças que escrevem ao bom velhinho e, sempre que possível, atender aos pedidos de presentes daquelas que se encontram em situação de vulnerabilidade social, a iniciativa também estimula a redação de cartas manuscritas nas escolas.
Mas não é só no fim do ano que os pequeninos são lembrados pela empresa. Promovido mundialmente pela União Postal Universal (UPU), os Correios também realizam, no Brasil, o Concurso Internacional de Redação de Cartas. A ação, além de oferecer uma premiação aos vencedores, é uma forma de incentivar a expressão da criatividade e a melhoria dos conhecimentos linguísticos de crianças e adolescentes.
Para Maria da Penha J. Amancio, coordenadora de redação da escola Leonardo da Vinci, em Brasília, o concurso enriquece o repertório sociocultural dos estudantes. “Para se apropriarem do assunto, os alunos leem mais, discutem mais, o que acaba por enriquecer não apenas o texto, mas a vida deles”, observa a coordenadora.
Em sua 48ª edição, o concurso revelou a vencedora da etapa nacional de 2019 na última quarta-feira, a estudante capixaba Sara Luísa Amorim da Rocha. Para a aluna do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha/ES, a escrita tem uma função fundamental na sua vida. “Eu escrevo desde que me entendo por gente, desde ganhei um diário de uma tia. Essa prática me ajudou a desenvolver a escrita e a expressar minhas emoções”, conta a jovem.
A escrita também é a estrela do projeto “Correios nas escolas”, que já levou mais de 14 mil estudantes em visitas guiadas a unidades e centros culturais nos últimos dois anos. De acordo com a coordenadora da ação, Danielle Soares, as crianças aprendem sobre o preenchimento do envelope, a construção da primeira cartinha, além de serem estimuladas a pesquisar selos alusivos a algum momento histórico. Também são levadas até a sala de aula peças restauradas do acervo filatélico da empresa como telégrafos, código Morse, telefones e relógio antigos.
“O projeto resgata as linhas precursoras da comunicação, sua trajetória e a evolução das ferramentas, destacando o papel dos Correios nos diferentes contextos históricos. As peças filatélicas também representam a materialização da importância da instituição na evolução da comunicação no país”, explica a coordenadora.
Os selos também são lembrados no Clube Filatélico do Colégio Mackenzie de São Paulo, onde alunos, crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, encontram-se semanalmente para falar sobre suas coleções e sobre o que aprendem com as pesquisas que fazem sobre os temas da preferência de cada um.
“O selo ensina sobre o que tem dentro do país e também pelo resto do mundo”, conta Christian Otto Ricarth (11 anos). “Eu gosto da filatelia porque a gente aprende muitas coisas. Só de olhar esse selo, por exemplo, eu sei o dia em que o Homem pisou na lua, como é o solo dela”, completa Vittoria.
De acordo com a professora de Geografia, Alice Costa, à frente do clube filatélico desde o início, o objetivo da iniciativa é aprofundar o conhecimento a partir das curiosidades por temas que surgem em sala de aula. “Mais do que um hobby, a filatelia é uma forma de conhecer profundamente um assunto. E os Correios nos receberam de portas abertas, nos deram os kits filatélicos, camisetas”, detalha a professora.