Dia do Telegrafista – 24 de maio

Telegrafistas da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), em 1934. Foto: Arquivo Nacional

Em 2020, pleno século 21, época da comunicação instantânea, fica difícil imaginar o que o telégrafo e o telegrafista, profissional que operava esse aparelho, representaram para o mundo durante décadas. No próximo domingo (24), é comemorado o Dia do Telegrafista, instituído em 1944 pelo então presidente Getúlio Vargas, que considerava esse profissional um verdadeiro herói anônimo, pelos relevantes serviços prestados à coletividade.

A data foi escolhida porque cem anos antes, em 1844, houve a primeira transmissão de uma mensagem por telégrafo no mundo. O fato, que ocorreu nos EUA, inaugurou a linha telegráfica entre as cidades de Washington e Baltimore. Apesar de simples, a mensagem era “What hath God wrought!”, que em português significa “O que Deus possibilitou!”, expressando o quanto o mundo estava maravilhado diante dos avanços tecnológicos que surgiam.

Para se ter uma ideia, o telégrafo foi a primeira tecnologia que permitiu a transmissão de dados de forma instantânea, sendo também a primeira ferramenta de comunicação a empregar sinais elétricos para essa finalidade. O profissional responsável por enviar e receber as mensagens precisava ter um conhecimento único, em decifrar os códigos usados para transmitir a informação. Nesse sistema, cada letra do alfabeto e número são representados por uma combinação específica de pontos e traços.

As palavras se formam de acordo com a combinação correta desses símbolos. As mensagens eram transmitidas por meio e intervalos de som (apito) ou luz (lanterna). Para trabalhar na área, o telegrafista precisava conhecer o famoso código Morse, sistema de linguagem criado pelo norte-americano Samuel Morse, em 1835.

No Brasil, o telégrafo foi instalado por determinação de D. Pedro II. A primeira transmissão aconteceu em maio de 1852, no Rio de Janeiro, entre o Quartel-General do Exército e a Quinta da Boa Vista, palácio imperial. A mensagem transmitida teria sido um verso do poeta Gonçalves Dias: “minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá”.

Atualmente, o telegrama segue a surpreender e emocionar muita gente. Pelo site dos Correios, hoje é possível enviar a mensagem urgente e confidencial via internet. Mediante recibo, o telegrama é entregue fisicamente e com agilidade ao destinatário, já que tem tratamento prioritário.

Telegrafistas famosos

Célebres: além do ex-presidente JK, o compositor Lamartine Babo também foi telegrafista.

Um dos mais célebres telegrafistas que passaram pelos Correios foi o ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek. Ele prestou o concurso para telegrafista em julho de 1919 em Belo Horizonte. Para que pudesse viajar a capital de Minas Gerais e participar da seleção, sua mãe, Júlia Kubitschek, precisou vender a única joia que tinha, um colar de ouro, herdado da família.

O esforço valeu a pena. Dos 89 candidatos, Juscelino foi aprovado em 19º lugar e acabou conseguindo autorização para trabalhar na agência de sua cidade, Diamantina. Em 1921, JK mudou-se para Belo Horizonte, onde assumiu o posto de telegrafista-auxiliar na estação ferroviária da capital. Foi com o salário de telegrafista, que Juscelino pagou a faculdade de medicina.

Outro famoso que exerceu a profissão de telegrafista foi o compositor Lamartine Babo, o autor de músicas memoráveis como “Linda morena”, “O teu cabelo não nega” e “No rancho fundo”. É dele, uma das histórias mais pitorescas e bem-humoradas sobre a profissão de telegrafista.

Lalá, como era conhecido, teria chegado ao balcão dos Correios para enviar um telegrama. O telegrafista, então, bateu o lápis na mesa em Código Morse para seu colega a seguinte frase: “magro, feio e de voz fina”. Lamartine não teve dúvidas, tirou um lápis do bolso e bateu de volta: “magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista”.