Entrega de autoteste de HIV pelos Correios viabiliza diagnóstico

Ellen Taborda

Envio dos kits de autotestagem pelos Correios garante privacidade. Foto: Divulgação/Correios

O Ministério da Saúde estima que 135 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e não sabem. Para viabilizar o diagnóstico, em 2019 o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer kits de autoteste de HIV. Graças aos Correios, em alguns locais já é possível fazer a autotestagem na privacidade de casa, de forma gratuita.

O projeto “A hora é agora”, parceria entre Prefeitura de Curitiba, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centers for Disease Control and Prevention (agência de saúde americana), desenvolveu uma plataforma virtual (www.ahoraeagora.org) onde é possível solicitar o envio do autoteste por meio dos Correios na capital do Paraná. Dois tipos de kits de autotestagem estão disponíveis: o que utiliza fluido oral e o que retira uma pequena amostra de sangue do dedo por punção digital.

Segundo a coordenadora do Programa Municipal de DST e Aids de Curitiba, Liza Bueno Rosso, o envio dos kits pelos Correios possibilita atingir um público maior. “As pessoas ficam mais à vontade recebendo e fazendo o teste em casa, com privacidade”, disse. O autoteste é recebido por correspondência, em embalagem sigilosa.

No site, há ainda outras duas opções para receber o autoteste: em um armário digital instalado na Rodoferroviária de Curitiba ou no Centro de Orientação e Aconselhamento (COA) da Secretaria de Saúde de Curitiba.  O interessado também tem acesso a informações sobre prevenção e pode usar uma calculadora de risco de infecção, que avalia os comportamentos relatados.

No site, o interessado também tem acesso a uma calculadora de risco de infecção.
Foto: Correios/Divulgação

Em caso de resultado positivo, a pessoa é encaminhada ao COA, para confirmação do diagnóstico da infecção. Quanto antes se descobre ser soropositivo e se inicia o tratamento, menor o dano que o HIV fará ao sistema imunológico. Com o tratamento adequado, a carga viral indetectável por pelo menos seis meses é considerada intransmissível.

“Até 1995, ser portador de HIV era ter um atestado de óbito. Hoje, o diagnóstico precoce e os tratamentos disponíveis mudaram esse cenário”, afirmou o diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+ e diretor-executivo da Rede Gay Latina, Toni Reis. Segundo ele, projetos como o “A hora é agora” ajudam a desmitificar os estigmas que ainda persistem sobre o assunto. “Salva vidas e semeia a solidariedade”, disse.

O projeto faz parte das ações que Curitiba adota para cumprir o compromisso firmado com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) de erradicar a epidemia de aids. A estratégia estabelece que, até 2020, 90% dos infectados pelo HIV sejam diagnosticados – item que Curitiba já conseguiu cumprir. Entre os diagnosticados, que 90% estejam em tratamento e que 90% dos pacientes tratados tenham carga viral indetectável. Para 2030, a meta é alcançar 95% nesses três indicadores.