Rendas Brasileiras – Blog da Filatelia

Escrito por Christina Habli Brandão Dutra

Entrelaces, fios, desenhos, movimento. O tecer das rendas é uma verdadeira dança de fios que resulta em um trabalho de delicadeza e presteza. Presente no imaginário coletivo em várias formas, texturas e transparências a renda está nos detalhes de vestidos de noiva, toalhas de mesa, em peças que dão um toque especial por onde passam. A produção artesanal das rendas chegou ao Brasil pelos portugueses, compondo o patrimônio histórico e cultural do país.

“No Brasil, parece que a primeira vez que se falou na palavra renda, foi ainda no reinado de D. Sebastião em 1560.

Mas foi só no reinado de D João V, com início 130 anos depois, que a produção nacional já era uma realidade. Durante este reinado, as produtoras de rendas nacionais entram em conflito com o protocolo da corte que obrigava o uso das rendas flamengas nas roupas. Este fato é a origem da “revolta das rendeiras nortenhas”, que só vai conquistar de volta a liberação do uso da renda nacional nas roupas brancas de uso das pessoas em 1751, no reinado de D José.

De lá para cá, a evolução dessa história é longa e está intimamente ligada à evolução dos desenhos, nomenclatura e tradições da produção de rendas nacional”. (BARCELLOS, Telma apud MONTEIRO, 2019)

O lançamento do Selo Especial Rendas Brasileiras, em parceria com o SEBRAE e Renato Imbroisi, acontece no Youtube do SEBRAE, às 16h do dia 07/07/2021. E destaca a arte de quatro tipos de rendas: o Bilro, a Irlandesa, o Filé e a Renascença.

Renda de bilro: De origem portuguesa, está muito presente em regiões litorâneas do Nordeste e de Santa Catarina. O tecido é produzido sobre almofadas cilíndricas, envoltas num papel grosso, no qual são presos alfinetes ou espinhos de plantas, formando o desenho da renda. Em cada fio de linha a ser trabalhado, há um peso ou bilro, e as rende- rias os movimentam rapidamente, entrelaçando-os e tecendo a renda e produzindo uma percussão característica, pelo bater dos bilros.

Filé: A renda é feita sobre uma espécie de malha de linha que se assemelha a uma rede de pesca. Costuma ser associada à rede de pesca. Por essa razão, se diz que onde há pesca, se faz filé. Alagoas e Ceará são os principais núcleos produtivos.

Irlandesa: Ao contrário do que pode parecer, não veio da Irlanda, mas a história conta que foi trazida e ensinada por feiras irlandesas. É tradicional da pequena cidade sergipana de Divina Pastora, a 34 Km da capital, Aracaju. Foi declarada patrimônio histórico em 2009, pelo IPHAN. A renda é produzida entre duas fitas cilíndricas que são presas sobre o papel onde se fez o desenho da peça.

Renascença: É parecida com a renda Irlandesa, com a diferença que se usa uma fita plana e não cilíndrica chamada lacê. Há também diferenças nos pontos, mas também se trabalha sobre um papel com o desenho da renda. A região do Cariri, na Paraíba, e o Estado de Pernambuco são os principais núcleos produtivos.

Cada fio de linha que se entrelaça vai tecendo as rendas; diferentes nos pontos, nos formatos das fitas e no núcleo onde são produzidas. O artista Renato Imbroisi mergulhou no universo da revitalização técnica e estética do artesanato para registrar sua criação nos selos postais.

O Selo Especial Rendas Brasileiras utiliza o recurso da calcografia branca, que simula a renda. A folha composta por 06 quadras totalizando 24 selos também apresenta uma vinheta lateral e está disponível na loja virtual e nas principais agências dos Correios.

Os entrelaces das rendas as rendas têm relação direta com o tempo, a técnica e a delicadeza do trabalho artesanal. Uma arte nobre que encanta olhares pela sua tamanha beleza.

Bibliografia: MONTEIRO, Lívia. Histórias da Renda: seus diferentes padrões e técnicas. Disponível em: <https://blog.modacad.com.br/a-historia-da-renda/>. Acesso em: (22/06/2021).

Publicado em Programação Filatélica 2021 | 1 comentário

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