DIA DO SELO
Filatelia e troca de cartas encantam crianças e adolescentes

Kárita Ribeiro
Sandra Santos


Acostumadas a enviar áudios e imagens pelo celular, milhares de crianças do Brasil têm se encantado com um dos formatos mais tradicionais do envio de mensagens na história: a carta. Com 176 anos completados hoje, 1º de agosto, o selo postal brasileiro tem se tornado um dos queridinhos da meninada por meio de projetos educativos em todo o Brasil.

Uma delas é a Camila Pereira, de 8 anos. Aluna do Sesc Escola Horto, de Campo Grande (MS), ela nunca tinha visto um selo até participar do projeto “Correios nas escolas”. “Eu achei o selo maravilhoso. Agora eu comecei a minha coleção com selo da Copa do Mundo, um de pintura e um de livros que parecem antigos. Vou usá-lo para enviar uma carta e também para continuar minha coleção”.

Nos últimos dois anos, mais de 14 mil estudantes participaram da iniciativa ação dos Correios que recebe alunos em visitas guiadas a unidades e centros culturais. Em Natal (RN), o projeto é realizado há mais de dez anos, recebendo estudantes e levando um pouco da empresa até escolas da cidade.

Segundo a coordenadora da ação, Danielle Soares, as crianças aprendem sobre a importância da escrita, preenchimento do envelope e construção da primeira cartinha, além de serem estimuladas a pesquisar selos alusivos a algum momento histórico. Também são levadas até a sala de aula peças restauradas do acervo filatélico da empresa como telégrafos, código Morse, telefones e relógio antigos.

Em maio, cerca de 100 crianças do Colégio Nossa Senhora das Neves em Natal, puderam conhecer a rotina de trabalho dos carteiros e o caminho que uma carta percorre até chegar ao destinatário. Depois, seguiram até a agência para realizar a postagem da primeira cartinha.

“O projeto Correios nas Escolas resgata as linhas precursoras da comunicação, sua trajetória e a evolução das ferramentas, destacando o papel dos Correios nos diferentes contextos históricos. As peças filatélicas também representam a materialização da importância da instituição na evolução da comunicação no país”, destacou a coordenadora. 

Clube filatélico

O selo ensina sobre o que tem dentro do país e também pelo resto do mundoChristian Otto Ricart

No Clube Filatélico do Colégio Mackenzie de São Paulo alunos, crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, se encontram semanalmente para falar sobre selos, suas coleções e sobre o que aprendem com as pesquisas que fazem sobre os temas da preferência de cada um.

“O selo ensina sobre o que tem dentro do país e também pelo resto do mundo”, conta Christian Otto Ricarth (11 anos). “Eu gosto da filatelia porque a gente aprende muitas coisas. Só de olhar esse selo, por exemplo, eu sei o dia em que o Homem pisou na lua, como é o solo dela”, completa Vittoria. 

A professora de Geografia, Alice Costa, à frente do clube filatélico desde o início, conta que a ideia de desenvolver a filatelia no colégio surgiu, há seis anos, como uma atividade extracurricular. O convite para os alunos participarem do grupo foi enviado por carta para casa de cada um deles. 

“O objetivo do clube é para aprofundar o conhecimento a partir das curiosidades por temas que surgem em sala de aula. Mais do que um hobby, a filatelia é uma forma de conhecer profundamente um assunto. E os Correios nos receberam de portas, nos deram os kits filatélicos, camisetas”, detalha a professora.

Troca de cartas

A troca de cartas, outro recurso muito utilizado por professores de todo o Brasil para estimular a redação e o estudo desse gênero, também tem sido cada vez mais utilizada em ações de cunho social. Há mais de quatro décadas, os Correios estimulam a escrita das crianças por meio de projetos corporativos como o Papai Noel e a participação no Concurso Internacional de Cartas, da União Postal Universal.

No estado de São Paulo, voluntários da empresa Bayer trocaram correspondências entre alunos de escolas públicas. O projeto “Papel, Caneta e Ação”, já foi realizado em cinco municípios, envolvendo 319 alunos do ensino fundamental e 266 colaboradores voluntários.

Segundo a supervisora de Engajamento Comunitário da Bayer no Brasil, Rita Moreno, os resultados alcançados impressionam e têm sido o combustível para a próxima edição da iniciativa, já em fase de planejamento. “O Papel Caneta e Ação fez com que os colaboradores voluntários da Bayer se sentissem ainda mais estimulados a continuarem doando seu tempo a causas que acreditam e contribuindo para uma sociedade melhor”, relata.

Carteiro na sala de aula

Os projetos educativos que envolvem a comunicação pelos serviços postais são tão diversificados como o próprio Brasil. No Mato Grosso do Sul, diferentes propostas abordaram o serviço postal em escolas públicas com a ida de carteiros até a sala de aula.

Em Dourados (MS), o carteiro Wander Gonçalves foi recebido com status de celebridade por alunos do Jardim III da Escola Nova Época. O convite partiu da professora da turma, que estava abordando o tema “Comunicações” com os alunos. Wander ficou emocionado com a recepção.

“Para mim foi muito gratificante participar, fiquei muito feliz. As crianças fizeram muitas perguntas e pude explicar um pouco sobre a empresa, nossos desafios diários e como é ser carteiro. Vi que a profissão é reconhecida, me senti importante e muito valorizado”, afirmou.

Cartão-postal

Eventos e instituições também têm utilizado serviços postais para cativar de uma forma diferente os destinatários. Durante a 71º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, maior evento científico da América Latina, em Campo Grande, estudantes de 95 escolas públicas enviaram mais de 3.500 cartões-postais a pesquisadores para convidá-los a estarem na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) durante o evento.

Para o reitor da instituição, Marcelo Turine, a ação teve um resultado impressionante, somando o fato de que os cartões foram enviados com um selo personalizado de 40 anos da universidade. “É uma emoção muito grande ver que houve um trabalho conjunto, que envolveu professores e alunos da rede municipal. Eu acho que Mato Grosso do Sul está de parabéns”.