Intelectuais dos selos: conheça a Academia Brasileira de Filatelia

Hobby, ciência, arte ou literatura? Muito além do colecionismo de selos, a filatelia tem se mostrado um universo cada vez mais abrangente. No Brasil, um grupo de estudiosos se uniu em torno desta paixão em comum para fundar a Academia Brasileira de Filatelia (ABF). Desde 2022, os membros da instituição sediada em Brasília (DF) se dedicam a desenvolver a chamada literatura filatélica, por meio da publicação de estudos, pesquisas e artigos.

Antes de falar sobre a ABF especificamente, vale um parênteses sobre o significado da palavra academia. O termo tem origem no grego, Akadémia, um bosque perto de Atenas, onde Platão ensinava filosofia. Por isso, com o tempo, a associação de pessoas especializadas em uma determinada área para estudos passou a receber o nome de academia.

A Academia Brasileira de Filatelia segue a dinâmica de funcionamento da Academia Brasileira de Letras. São 40 cadeiras, como são denominadas as vagas ocupadas pelos seus membros, os acadêmicos. Desse total, 20 estão preenchidas por fundadores patronos. Além disso, a ABF reúne também 15 correspondentes internacionais.

“É uma iniciativa que já existe em outros países, como a Academia Europeia de Filatelia, explica o presidente da ABF, Maurício Melo Menezes. Composta por 40 filatelistas brasileiros e 15 correspondentes internacionais, a instituição foi idealizada pelo presidente da Associação Brasileira de Filatelistas Brasileiros (Filabras), Paulo Ananias Silva. A data escolhida para que a ABF saísse do papel foi 1º de agosto, Dia do Selo Postal Brasileiro.

Diferentemente das federações de filatelia, cujo foco são as exposições de selos, a academia tem uma atuação mais intelectual. “Os filatelistas sempre foram fontes de conhecimento. É preciso ir mais além, estudar o selo de forma mais aprofundada. O interesse da ABF é cuidar da biblioteca e dos acervos impressos e virtuais que auxiliam o colecionador. É preservar e ampliar a literatura filatélica”, explica uma das patronas fundadoras da ABF, Maria de Lourdes Torres de Almeida Fonseca.

Empregada dos Correios, Maria de Lourdes Torres é uma das patronas fundadoras da Academia Brasileira de Filatelia. Foto: Correios/Divulgação.

Lourdinha, como é mais conhecida, trabalhou nos Correios por 39 anos, sendo a maior parte dessas quatro décadas na área de filatelia. “Como o único órgão que cria, organiza e fornece os selos postais, os Correios são a fonte, o combustível para manter essa paixão pelos selos acesa . Mas a filatelia acontece é do lado de fora dos Correios: nos clubes, associações, escolas”, conclui Lourdinha.

Produção literária

O livro 180 anos do Olho de Boi, lançado em 2023, é a primeira produção literária da ABF. Com mais de 250 páginas, a obra traz 17 artigos que traçam um panorama da filatelia brasileira como fonte de história, cultura e de integração social. Os artigos foram escritos por filatelistas que também atuam em estudos e pesquisas.

Flavio Augusto Rosa, químico de profissão e, desde os oito anos, filatelista por paixão, foi o responsável por organizar a obra. Rosa é um entusiasta da chamada filatelia clássica, que vai de 1843 a 1943, referente às emissões do primeiro centenário da filatelia brasileira. “Tenho realmente um xodó por eles. É um período muito interessante. Naquele momento, as pessoas não imaginavam que os selos se tornariam peças tão importantes para o conhecimento”.

Outro objetivo dos acadêmicos é fomentar a criação de clubinhos filatélicos em escolas, para que, desde cedo, crianças e adolescentes descubram o mundo mágico dos selos. “A filatelia é uma ferramenta poderosa no processo de aprendizagem em todas as disciplinas. Um país se torna verdadeiramente afortunado quando preserva os valores e a memória filatélica” conclui o presidente da ABF, Maurício Melo Menezes.

Para saber mais sobre a Academia Brasileira de Filatelia, acesse https://filabras.org/public-abf.aspx.