DIA DOS PAIS
Ser pai é um ato afetivo, social e político 

Fernanda Lobo e Juliana Miranda

Pais importam e impactam, tanto na vida das mães e dos filhos, como nas maneiras de ser e estar no mundo, de forma permanente e decisiva.  Apesar de lento e gradual, o movimento da parentalidade positiva, que inclui uma paternidade mais ativa, igualitária, presente e corresponsável, tem transformado papéis sociais culturalmente atribuídos aos homens. 

O “pai-patriarcal-provedor” perde espaço e entram em cena novas formas de se relacionar pelo afeto: ganha destaque o “pai cuidador”.  Não se trata, portanto, de ser um executor de tarefas complementares em relação à figura materna, o famoso “pai que ajuda”, mas ser capaz de firmar pactos de convivência igualitários, conscientes e negociados com suas parceiras. 

Para entender a dimensão e o impacto dessa mudança geracional, é importante levar em conta consequências e vantagens empiricamente comprovadas.  Estudos apontam que a presença constante dos pais é um fator de saúde, pois ajuda filhas e filhos a crescerem mais saudáveis. Além disso, pais que têm uma relação próxima e sem violência com seus filhos vivem mais, têm menos doenças, são mais produtivos no trabalho, têm menos acidentes e dizem sentir-se mais felizes do que pais que não têm esse tipo de relação.

A paternidade positiva ainda influencia diretamente no desempenho escolar e no desenvolvimento emocional das crianças. Entretanto, um dos efeitos mais positivos reside no fato de que a presença ativa dos pais contribui para o empoderamento das mulheres, já que, quando são corresponsáveis pelos afazeres domésticos, os homens viabilizam, por exemplo, a participação feminina no mercado de trabalho. 

Para demonstrar que, em todos os aspectos, a paternidade igualitária vale a pena, o Blog dos Correios conversou com empregados da empresa que transformaram o desafio de ser pai em uma das razões mais importantes para seu bem-estar e felicidade.  

Pai solo e realizado 

O gerente dos Correios, Gilvan Maia, assumiu sozinho os cuidados com o filho desde os quatro anos. Foto: Divulgação/Correios

Gerente da agência dos Correios na cidade de Dom Aquino, no Mato Grosso, Gilvan Pereira Maia (53) assumiu sozinho os cuidados do filho único, Paulo Sérgio, quando o casamento com a mãe da criança terminou, em 2018.  Sem rede de apoio, precisou mudar toda sua rotina para cuidar do filho, que tinha apenas quatro anos na época. 

“De repente, num estalar de dedos, fiquei sozinho com meu filho, ele sem saber o que estava acontecendo. Tive que ser forte, mesmo em lágrimas e escondendo dele, para ele não me ver chorando”, conta ele. “Hoje está mais fácil, a tempestade passou”, diz. 

Gilvan ressalta que a determinação para cuidar do filho o fez uma pessoa mais forte e corajosa. “Trabalho com mais vontade e mais interesse”. Ele voltou a estudar depois dos 50 anos, e abandonou hábitos prejudiciais. “Sempre abri mão de coisas que não são boas e saudáveis pelo meu filho”, explica Gilvan. 

A organização da rotina ajuda pai e filho a passarem tempo de qualidade juntos. “Deixo o café pronto, almoço feito e levo à escola, ao judô, à natação. Final de semana ajudo nas tarefas escolares e ainda vamos à igreja”, enumera ele. A cumplicidade é elemento essencial da relação. “Quando não estou bem, ele percebe e eu o percebo, com isso cresce e fortalece o laço e confiança entre nós”, conta Gilvan.  

O gerente da agência de Correios de Dom Aquino destaca que o apoio que recebe no trabalho é fundamental para que possa exercer a paternidade. “Meu filho tem Transtorno do Déficit de Atenção combinado com Hiperatividade (TDHA), então, precisa de acompanhamento com psicólogo e neurologista. Felizmente, tenho apoio dos meus gestores [para levá-lo]”, conta ele.  

O melhor presente é a presença 

Stefano Marin: “minha melhor entrega é ser presente na vida dos pequenos”. Foto: Divulgação/Correios

O gerente do Centro de Entregas de Encomendas de Vitória, no Espírito Santo, Stefano Marin Rezende (42) também participa ativamente de todos os aspectos da vida dos filhos, conhecendo os gostos, brincadeiras e preferências. Durante o expediente nos Correios, ele coordena uma equipe de 48 pessoas, buscando sempre as melhores soluções e entregas para os clientes da empresa. Mas durante 24 horas por dia, ele é o pai de Laura,11, e Angelo, 8. “Minha melhor entrega é ser presente na vida dos pequenos”, conta ele.  

Seja com passeios ao ar livre, idas ao cinema, cozinhando ou ouvindo música, memórias vão sendo criadas na família, junto com a esposa Alynny. Stefano, que acredita que a relação de proximidade construída terá um impacto no desenvolvimento emocional dos filhos. “Mais seguras e autoconfiantes, as crianças ficarão menos propensas a sintomas de ansiedade e baixa autoestima”, diz.  

Para pais que, como ele, participam ativamente da vida dos filhos, Stefano lembra que o equilíbrio é a melhor maneira de distribuir bem o tempo. “Quando você dedica tempo de qualidade aos filhos nos momentos de folga, percebe que o trabalho não afeta de forma negativa seu relacionamento familiar”, diz. 

Dedicação sem medidas 

Ronildo Guimarães Reis é daqueles pais que se emocionam ao falar dos filhos, Gabriel (12) e Vitória Gabrielle (4). Ele trabalha no Centro de Entrega de Encomendas de Aracaju/SE, e, como todo pai presente, concilia a jornada de trabalho e a atenção à família, buscando equilibrar tudo e não deixar nenhuma lacuna.  

Ronildo Guimarães é pai do Gabriel (12) e da pequena Vitória Gabrielle (4). Foto: Divulgação/Correios

Mas quando a coisa aperta, sua caçula é prioridade. Com síndrome de down, Vitória demanda cuidados redobrados. “Ela faz fonoterapia, fisioterapia e terapia ocupacional, o que é possível graças ao auxílio para filhos com necessidades especiais que os Correios concedem aos empregados”, diz Ronildo, que ingressou na empresa em 1996, em São Paulo, no cargo de motorista, e em 2004 pediu transferência para Sergipe.  

Em junho, Vitória precisou passar uma semana internada, por uma ameaça de pneumonia, e foi ele que dormiu todas as noites no hospital, já que a esposa ficava com a menina durante o dia. Foi preciso muita disposição e fé, mas tudo acabou bem, Vitória logo voltou a brincar e aprontar.  “A força dela é gigante. Procuro dar todas as condições para que ela se desenvolva e seja independente”, conta Ronildo, que se prepara para um Dia dos Pais bem especial. “Só quero ficar grudado com eles”, revela.  

Correios oferece benefícios para pais 

Para que as mudanças na forma de paternar sejam realmente profundas, a relação dos pais com o mundo laboral deve, necessariamente, ser transformada. Consciente desse desafio, a atual direção dos Correios tem adotado uma série de medidas a favor do bem-estar dos empregados da empresa. Entre elas, está a ampliação da licença-paternidade de cinco para 20 dias, proposta na atual negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), em curso.  

Outro benefício apresentado é o “afastamento paternidade especial”, que poderá ser usado em caso de nascimento de bebê prematuro, imediatamente após o término da licença paternidade regular. Além disso, merece destaque o retorno, em junho deste ano, do pagamento do auxílio para dependentes com necessidades especiais, que havia sido excluído pela gestão anterior. 

Confira aqui a mensagem do presidente dos Correios em homenagem ao Dia dos Pais.

*Colaboraram CCOM/ES, CCOM/MT e CCOM/SE.